Wi-Fi 6 é melhor que o 5G?

Esses versionamentos que acabamos vendo para ordenar o release de diversos lançamentos – carros, telefones celulares, software e até tecnologias de comunicação sem fio, acabam nos confundindo.

Para os meus amigos do mundo Tech, a pergunta no título desse artigo pode parecer algo estranho. Mas essa pergunta me foi feita por uma pessoa não-tech, que me motivou a escrever um pouco mais sobre esse “bicho” chamado Wi-Fi 6?

Por que Wi-Fi 6 se eu nunca tinha ouvido falar do 5, 4, 3, …. ?

A Wi-Fi Alliance – que cuida do Wi-Fi assim como o 3GPP cuida das redes celulares resolveu facilitar a vida das pessoas simplificando a nomenclatura dos padrões de Wi-Fi lançados. Todos os padrões sempre foram conhecidos pela alcunha “by IEEE” de 802.11_ onde o último ou dois últimos caracteres, mostravam a versão. Com a chegada do Wi-Fi 6, os nomes das gerações se tornaram mais populares.

Gerações Wi-Fi e seus padrões – Fonte: grandmetric.com

Pode ter sido uma jogada de marketing lançar o Wi-Fi 6 com um algarismo maior que o 5G das redes celulares? Talvez sim… Mas a comparação entre os dois não faz nenhum sentido.

Quais são as vantagens do Wi-Fi 6 frente as gerações anteriores?

Maior velocidade (35% mais performático – até 9,6 Gbps)
Mais dispositivos conectados simultaneamente
Menor latência nos pacotes
Baixo consumo de bateria

Qual a diferença do Wi-Fi 6 para o Wi-Fi 6E?

Tecnicamente ambos são Wi-Fi 6 com as mesmas características técnicas. O que muda é a frequência de operação. Enquanto a versão 6 pura opera na faixa de 5 GHz (5,170 – 5,835 GHz) e acaba ocupando o mesmo espectro que as versões 4 e 5 do Wi-Fi (802.11 n e ac), o WiFi 6E opera na faixa de 6 GHz (5,925 – 7,125 GHz) – uma faixa de frequência não licenciada e bastante mais ampla, sem interferência de outros sistemas. Essa operação em espectro limpo impulsiona a performance das redes.

Bandas Wi-Fi – Fonte : Qualcomm / IEEE

Recentemente tivemos a deliberação da Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações, confirmando que a faixa de 6 GHz é de natureza de frequências não licenciadas, encerrando as discussões se outros sistemas pudessem ocupar parte dessa faixa. Colocar outros sistemas nessa banda, mesmo que com uso secundário, seria matar o Wi-Fi 6E antes dele nascer!

Nesse ponto estamos na vanguarda, pois reservamos a faixa completa para o Wi-Fi 6E. Na Europa e em outros países a concessão é parcial. Veja essa matéria da Tele.Síntese!

Como fica a compatibilidade do Wi-Fi 6 e 6 E com as gerações anteriores?

Aí vem a diferença que separa ambos. Já que o Wi-Fi 6 opera na mesma faixa de frequências das gerações anteriores, equipamentos que usam gerações mais antigas seguirão funcionando. O Wi-Fi 6E, como usa o espectro de 6 GHz, não será compatível com os demais.

Tem alguma desvantagem esses tais de Wi-Fi 6 e 6E?

Quando eu estava nas bancadas do curso de engenharia de telecomunicações me ensinaram que quanto maior a frequência, menor o alcance. Então a cobertura em 6E na faixa de 6 GHz é menor do que em 6 na faixa de 5GHz e assim sucessivamente. Portanto, para cobrir uma área determinada, serão necessários mais equipamentos 6E do que 6.

Falando em comparação e o 5G, é o grande competidor do Wi-Fi 6 e 6E?

Em linhas gerais, eu vejo os dois como complementares pelo simples fato de que é esperado que dois terços do tráfego de redes sem fio seja offload – redirecionando tráfego mais intenso para redes com maior capacidade, o caso do Wi-Fi. Porém, com a chegada das redes 5G privadas e suas vantagens como segurança, cobertura e confiabilidade, nesse caso específico pode haver competição.

Fonte: Redes Zone

Você conhecia o Wi-Fi 6 e as diferenças dele em comparação ao 5G? Me envie nos comentários ou um inbox.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como Linkedin Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.