Inspirado pelo evento de hoje, 24/11/22 – O Summit C. em Florianópolis, onde participarei da mesa redonda com o tema: “Um ano de 5G no Brasil – desde o leilão até o agora! E daqui para a frente, como seremos impactados com o avanço da 5ª geração de banda larga móvel?”, vamos falar de cidades inteligentes nesse artigo.
Durante essa série de artigos sobre 5G, temos falado muito sobre como a tecnologia funciona e seus aspectos tecnológicos.
Após um ano do leilão do 5G, o avanço das implantações de 5G SA – Standalone é uma realidade: a tecnologia está presente com todas as suas funcionalidades nas capitais, com mais de 6 mil antenas ativadas. A próxima fase contempla municípios com mais de 500 mil habitantes e aqueles que compõem as zonas urbanas destes e das capitais – o número passa de 500 cidades que podem receber o 5G no próximo ano.
Smart City – Fonte : NEC
Por outro lado, as discussões e projetos de redes privadas pelas organizações, começam a se materializar e os cases de aplicação apoiados em comunicações 4G/5G vêm sendo amplamente discutidos.
Se você ainda não leu essa série, veja na biografia abaixo a lista dos artigos já publicados sobre redes de comunicação 4G/5G. Um bom artigo para começar, é esse com algumas dúvidas da tecnologia: 9 perguntas sobre o 5G: um guia prático de tecnologia.
Características do 5G – Fonte: Siemens
Eu gosto de dizer que as cidades são como grandes hubs que conectam diversos sistemas: comércio, indústria, serviços e residências. Pensando nas conexões, a locomoção de bens, serviços e pessoas é feita por vias urbanas e seus diversos veículos: bicicletas, carros, ônibus, trens e metrôs.
Olhando para as cidades com uma perspectiva de dados, o desafio de torná-las smart não é muito diferente do que encontramos em outros setores: obter dados, transportá-los, tomar decisões e enviar de volta os comandos de volta para os atuadores na ponta.
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Da mesma maneira que outras aplicações que exigem conectividade, segue existindo uma demanda por cada vez mais informações em tempo real para tornar suas operações mais eficientes operacionalmente, criar novos modelos de negócio e porque não dizer – em tempos de aceleração da aplicação da LGPD, garantir a privacidade dos dados.
Fonte: Telit
Tentar listar todos os casos de uso que se beneficiem de redes 4G/5G voltados a cidades inteligentes, pode ser uma tarefa hercúlea. Portanto, trago aqui alguns deles que façam mais sentido e sejam interessantes no ponto de vista de tecnologia:
1 – Ambulância conectada.
No artigo “3 casos de uso com 5G na Saúde – Parte 1”, trouxe um caso muito interessante que tem tudo a ver com uma cidade inteligente. A diferença entre salvar uma vida ou não pode estar na velocidade com a qual uma informação flui e a qualidade dela, concorda? Pois conectar uma ambulância com 5G pode trazer esses benefícios.
Duas situações podem ser endereçadas com o uso da tecnologia:
- Compartilhar com a equipe de emergência dos hospitais vídeo em tempo real para que eles mesmos interpretem as condições dos pacientes e se preparem com antecedência para a sua chegada;
- Engajar um especialista com o time na ambulância para que primeiros-socorros mais especializados possam ser prestados ainda no caminho até o hospital.
Demonstração de ambulância conectada na Malásia – Fonte: Enterprise IT News
2 – Trânsito Inteligente
Ainda pensando na questão da ambulância, imagine se o sistema semafórico da cidade pudesse ser alterado dinamicamente liberando as vias à medida que a ambulância passe abrindo e fechando semáforos. Alguns minutos ganhos no deslocamento poderiam salvar a vida de alguém, concorda?
Além do controle de tráfego para emergências, também é possível com câmeras e algoritmos de IA analisar os fluxos de pessoas e veículos em cada cruzamento e mudar a dinâmica do trânsito. Eu acho muito frustrante quando tenho que esperar em um cruzamento o semáforo abrir quando no sentido transversal não tem ninguém passando.
Um terceiro benefício é algo que sofremos em grandes centros. Devido à disponibilidade de conectividade, o sistema de controle de tráfego normalmente é cabeado e conectado a hubs que controlam um setor da cidade. Quem aqui nunca sofreu no trânsito porque um desses hubs foi vandalizado ou danificado pela chuva, ou teve seu cabeamento roubado?
Fonte: Telit
Com uma rede de acesso 5G sem fio, podemos ter os semáforos, as câmeras, os veículos, painéis informativos e tudo mais que seja necessário conectados a diversos edges conectados a um core. Os benefícios do 5G caem como uma luva aqui: alta velocidade, baixa latência e grande densidade de equipamentos conectados por km2.
3 – Smart Metering
Medir a vazão de água e esgoto nas redes de distribuição online pode ser vantajoso por diversos motivos. Vamos olhar aqui alguns mais importantes:
- Hidrômetros conectados: aqui além de automatizar o envio das informações para geração das faturas de consumo mensais, podemos detectar algum vazamento e prevenir que o problema só seja detectado na próxima fatura que pode vir com um valor bem alto. Conectados a um sistema munido de inteligência artificial, é possível detectar fraudes comerciais, o famoso gato, comparando padrão de consumo histórico e esperado;
Medidor conectado NB-IoT – Fonte: Technoton Engineering
- Flow meters: para levar água potável até as nossas residências há uma complexa rede de distribuição de água a partir da saída das estações de tratamento até as nossas casas. Essas redes foram projetadas com complexas topologias considerando a pressurização da rede, reservatórios e a famosa gravidade. Para controlar essa rede estão espalhadas válvulas de controle de fluxo que também pode estar medindo o fluxo. Ao conectar todos esses flow meters, pode-se mapear os setores onde há mais perda de água (a diferença do que é produzido, versus a soma do que é medido nos hidrômetros das unidades consumidoras.
Flowmeter conectado – Fonte: Trimble Water
E por fim Oportunidades para as Cidades Inteligentes…
Por serem as mantenedoras de diversos ativos tidos como mobiliário urbano e pensando no crescimento da quantidade de antenas no Brasil – que deve saltar de cerca de 100 mil para pelo menos 500 mil, por que não prover além dos pontos de fixação das antenas, uma rede compartilhada alugando capacidade para as operadoras expandirem sua cobertura?
Você conhecia esses casos de uso em Cidades Inteligentes, que tem no 5G um grande aliado para serem aplicados? Me envie nos comentários ou um inbox.
Publicado originalmente em mauroperiquito.com
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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