Por aqui é final de férias… Mas a produção de conteúdos segue a todo vapor. Escrever durante as férias tem sido um desafio especialmente interessante esse ano. Para manter a meta de ser constante e consistente todos os dias, o artigo número 161 chegou nesta quinta-feira.
Quando penso em resiliência, a imagem de uma mola surge na minha cabeça. Pense que se ela se estica e retorna ao seu estado original. Agora se ela esticar ao ponto de não voltar perfeitamente significa que a mola não tinha resiliência suficiente para sofrer aquela tensão.
Mas, ao mesmo tempo que a mola me parece representar metaforicamente o conceito de resistência, ela não pode ser comparada conosco, seres humanos. A nossa mola é treinável e podemos exercitá-la para suportar “tensões maiores” ou trabalhar de maneira mais inteligente para que ela seja submetida a menos pressão.
Considerando que esta newsletter trata de tecnologia, não pretendo ensinar a vocês como ser mais resiliente, mas sim compartilhar com vocês uma visão de como a tecnologia pode ajudar a aliviar a pressão sobre essa mola.
Bora lá?
Uma experiência pessoal…
Combinei no parágrafo acima que não iria ser coach de resiliência de ninguém. Mas preciso compartilhar com vocês porque a resiliência anda rondando a minha mente. Durante as férias fiz uma viagem de bike pela Rota dos Cânions Paulista. Foram dois meses de treino intenso, em cima de uma base construída nos últimos anos que teno me dedicado ao mountain bike.
Pela segunda vez fiz uma jornada com os meus pais e a minha filha me acompanhando de carro e com a evolução da minha “mini-me”, agora arriscando alguns km de pedais juntos. O plano era completar 380 km e 7.000 m de ganho altimétrico em 5 dias, sendo o primeiro e o último só meio período.
Os dois primeiros dias foram bem tranquilos. Mas do terceiro ao quinto, a chuva e o frio intenso mudaram todo o panorama. Apesar de estar com todo o equipamento necessário, a viagem de férias se tornou um desafio muito intenso!
A minha resiliência foi colocada a prova no quarto dia. Havia programado 86 km e 1.000 metros de altimetria. Algo para fazer em umas 6 horas, contando com as paradas. As estradas de terra cheias de lama e areia fizeram com que eu terminasse em 9 horas este percurso. O diálogo interno de “desiste ou continua” foi intenso o dia todo.
Com a chuva caindo 100% do tempo e atravessando regiões de grandes fazendas sem nenhum povoado ou casa próxima da estrada, não encontrei nenhum abrigo coberto para fazer o lanche do almoço. Na chuva mesmo fiz meu lanche, mas acabei parando alguns minutos a mais do que deveria.
Com a temperatura variando entre 8 e10 graus e o corpo úmido de suor embaixo das roupas de chuva, não demorou para a minha temperatura cair e começar a sentir um pouco de hipotermia. A consciência de ter passado por situações assim no passado, me fizeram voltar para o pedal, mesmo tremendo muito e imprimir o ritmo mais forte possível nos próximos 50 minutos que consegui cobrir uns 15 km.
Analisando o ocorrido depois, eu errei em deixar o corpo esfriar, mas consegui colocar um limite na tensão colocada na minha mola pessoal e evitei o pior que seria uma crise de hipotermia e decretar pelo menos o final daquele dia de pedal.
Mas e a resiliência e a tecnologia no trabalho?
Após falarmos por um tempo que vivíamos em um mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), uma tal pandemia surgiu em nosso planeta e mudou um pouco esse conceito. Nessa época começamos a falar em um mundo BANI: Frágil (Brittle), Ansioso (Anxious), Não-Linear (Non-Linear) e Incompreensível (Incomprehensible).
Este último termo foi criado pelo americano James Cascio que ainda disse algo que tem uma relação interessante com o que estamos falando hoje:
Temos a tecnologia necessária para revertermos fatalidades. O caos iminente tem na mudança seu melhor caminho. Ainda podemos escolher o melhor caminho para nos tornarmos mais seguros de como navegar nesse mundo caótico.
Lá na introdução, além de dizer que não daria dicas de resiliência — o que falhei ao compartilhar minha recente experiência, também falei sobre como podemos usar a tecnologia para evitar trazer mais pressão para a nossa mola.
Mas às vezes percebo que temos gasto muito tempo com tarefas manuais e/ou operacionais. Esse tempo, investido em situações onde as nossas capacidades intelectuais fazem a diferença, poderiam estar sendo usados de maneira mais nobre, em atividades estratégicas.
A automação já está aí e às vezes não percebemos que usamos ou não adotamos nas nossas organizações. Outro exemplo que pensei, aproveitando a virada de mês que acontece hoje, foi: em grandes companhias ainda existe alguém que lê o valor a ser depositado da remuneração de cada um e faz a transferência bancária?
Alguém pode surgir agora e dizer que a IA irá substituir as pessoas em suas tarefas e o temido desemprego irá se intensificar. Acabamos de falar sobre a tecnologia ajudando a economizar tempo de tarefas manuais / operacionais, mas confira esse vídeo aqui:
Você viu o que é dito sobre a substituição de pessoas por tecnologia?
Todos temos muitas tarefas a fazer. Será que usar ferramentas que façam parte do nosso trabalho não pode nos ajudar em dedicar tempo ao que é importante, sem esticar as nossas molas demais?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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