Qual a diferença entre VR, AR e MR?

Metaverso: tenho certeza que você ouviu falar, tem uma ideia do que é, mas parece que essa palavra está ficando meio esquecida no passado. Esta buzz word ocupou uma boa parte das nossas discussões tecnológicas entre 2021 e 2022.

Estabeleceu-se uma quase histeria dizendo que abandonaríamos o mundo real e passaríamos a viver em uma realidade virtual desprezando tudo o que nos cerca.

Tais previsões acabaram não se concretizando, por enquanto. Ao invés de criticar a não escalada desse tipo de solução, eu prefiro ver como um balão de ensaio onde testamos conceitos, mudanças nos hábitos das pessoas e MUITA tecnologia.

Motivado por enfim ver o lançamento comercial do Apple Vision Pro, mais perto, porém ainda distante pelo seu valor de venda, pensei em trazer aqui o meu ponto de vista sobre as tecnologias virtuais: Realidade Aumentada, Virtual e Mista.

Bora Lá?

Conceitos Virtuais

Dentro do conhecimento que eu tinha, quando pensei em falar deste mundo virtual, eu entendia que os conceitos eram bem claros e havia uma fronteira clara para caracterizar cada um individualmente.

Mas, como gosto de pesquisar mais antes de escrever e compartilhar com vocês, achei um pouco de confusão e divergência por aí. Isto se deve a maneira como os termos foram surgindo com os lançamentos de produtos e soluções por diversos fabricantes.

Não muito diferente de outras áreas, alguns quiseram criar um nome para chamar de seu. Então, longe de achar que o meu artigo será o guia definitivo para conceitualizar esses temas, vou colocar aqui o meu entendimento apenas.

Realidade Virtual (VR)

No extremo dessa jornada está a Realidade Virtual, ou Virtual Reality (VR). É uma imersão total em um mundo virtual onde tudo o que se vê, sente ou escuta é gerado a partir de software. O isolamento total do mundo exterior.

Pensando nos filmes que já assisti, para mim o que mais gosto de usar como exemplo é o Ready Player One de 2018 dirigido por Steven Spielberg. Uma boa crítica a como um mundo 100% virtual pode mudar a sociedade.

Filme Ready Player One – Fonte: HDQWalls

Realidade Aumentada (AR)

No meio do caminho podemos dizer que a realidade aumentada está entre o mundo virtual e o mundo real, trazendo para a nossa realidade elementos virtuais. Talvez o exemplo mais próximo de nós, é o jogo Pokemon Go! onde as pessoas saíam andando nas ruas com as câmeras ligadas caçando as criaturas virtuais. Saíam não, saem ainda… Pelo menos eu vejo no meu bairro uma pessoa que sai para “passear com o cachorro” todo dia de manhã.

Pokèmon Go! – Fonte: Slashgear

 

Nessa categoria estão as aplicações mais factíveis para nós. A facilidade de ter aplicações AR em um aparelho celular ajuda bastante na popularização.

Na indústria há uma infinidade de aplicações. A beleza da Realidade Aumentada é que não necessariamente as pessoas precisam de um óculos. Ao apontar o celular para um motor, por exemplo, uma pequena tela pode abrir ao lado dele te mostrando indicadores como rpm de rotação, tensão, corrente, torque…

Outro dia conversando com um amigo ele me descreveu um caso em implantação numa indústria de bens de consumo: um aplicativo de AR mostra ao apontar o celular para um operador da linha de produção indicadores da sua produtividade em tempo real e histórico.

Realidade Mista (MR)

Aqui está o ponto de divergência que encontrei. Há dois significados para realidade Mista publicados por aí. Um deles segue na linha que estamos dissertando nesse texto e o coloca em uma categoria um pouco além da realidade aumentada.

Basicamente, enquanto em AR somos capazes de visualizar elementos virtuais sobrepostos no nosso campo de visão real, em MR podemos interagir com esses elementos virtuais, como, por exemplo, ligar e desligar um equipamento ou alterar a rotação de um motor.

Para isso acontecer precisamos necessariamente de um óculos de realidade virtual, que além de projetar o objeto digital “interagível”, precisa capturar os gestos para transformá-los em comandos digitais.

O Apple Vision Pro está aqui com seu visor projetando os aplicativos sobrepostos ao seu campo de visão. E por falar na maçã, meu filme referência para essa categoria segue sendo o Swan Song, lançado na Apple TV+ em 2021. Já pensou em ter um Apple Vision Pro em um par de lentes de contato?

Apple Vision Pro – Fonte: OSX Daily

 

Outra linha usada para definir o Mixed Reality (MR) é dizer que ele é o guarda-chuvas de experiências combinando o mundo real e o virtual. A figura abaixo ilustra esse conceito:

Nessa definição ainda aparece o conceito de Virtualidade Aumentada (AV), que sem entrar em muitos detalhes seria o contrário de AR onde em um mundo predominantemente virtual se inserem elementos do mundo real. Abaixo simples imagem para ilustrar esse conceito. Um cenário de um telejornal esportivo totalmente virtual e apenas o apresentador vindo do mundo real:

Prisma de Realidades – Fonte: IRIS

Extended Reality (XR)

Li uma constatação engraçada recentemente. Todo o conceito que se coloca um X na frente para representar tudo se torna algo mais atrativo. E nesse mix de mundos reais e virtuais não poderia ser diferente.

Em uma tentativa unir os conceitos, Realidade Estendida vem para atuar como um guarda-chuvas acima de todos os conceitos. Se for para simplificar, é bem-vindo!

O fato é que além de toda a discussão acerca das nomenclaturas e suas fronteiras, a realidade é que os benefícios da adoção de realidades estendidas são inúmeros e tecnologias como 5G, Wi-Fi 6, Inteligência Artificial e Edge Computing, são essenciais para podermos ter cada vez mais casos de uso.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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Bibliografia