Como tirar o papel e a prancheta das linhas de produção industriais?

Em tempos de trabalho híbrido, é muito bom poder visitar as plantas industriais dos clientes.

Costumo dizer que é lá no meio daquele ruído, com EPIs diversos, paramentados com roupas esquisitas, umidade, calor ou frio, é que conseguimos olhar para as dores da indústria e discutir sobre elas a quente!

Nessas visitas, sempre que vejo alguém na produção passando ou executando alguma tarefa com um papel na mão, peço permissão para conversar com essa pessoa. Leio o papel e faço algumas perguntas para aquele operador. As respostas são sempre muito ricas para contribuir com as nossas visitas exploratórias.

Outros locais que gosto de observar são os quadros informativos, sejam eles do tipo branco com as informações escritas com pincel atômico, gráficos impressos e até dashboards digitalizados: informações valiosíssimas que poderiam estar circulando com mais agilidade e um maior detalhamento.

Existem algumas alternativas a esses métodos para a extração, tratamento e exposição dos dados. Bora falar um pouco deles?

Tirar o papel da produção pode ser uma questão de segurança!

Invariavelmente um operador que carrega um papel dentro de uma fábrica, está colocando em risco a sua segurança, dos seus colegas e em uma dimensão maior a continuidade do negócio.

A pressão pela performance faz com que um operador leia uma informação ou faça anotações em movimento. As chances de um acidente acontecer com um operário entretido com uma folha de papel devem ser bem parecidas com as de uma pessoa que dirige e usa o celular.

Operador e uma console de máquina – Fonte: Kluje

Dê uma ajudinha para o meio ambiente não usando papel

Vamos fazer uma conta simples: uma fábrica de 3 turnos, e 20 processos de produção a serem monitorados individualmente a cada 10 minutos, podem gerar 2 folhas de apontamento por turno por processo, totalizando 120 folhas por dia.

Multiplique isso por 250 dias úteis por ano e chegaremos a 30.000 folhas em um ano. Em 5 anos estamos falando de 150.000 folhas de papel. Não precisamos nem pensar para concluir que não é um processo sustentável.

Armazenamento e Histórico

Além do problema de volume listado acima. Formulários em papel podem se perder, embaralhar-se entre eles e tornar a análise histórica uma verdadeira saga. Imagine só a complicação que pode ser fazer uma comparação entre a performance apontada em um mesmo dia durante os últimos 3 anos.

Apontar dados pode ocupar mais de uma pessoa

Minimamente, apontar dados manualmente em uma folha de papel, pode alocar tempo de uma pessoa ou mais para realizar duas ou três tarefas: ler e apontar os dados, digitar em uma ferramenta ou organizar em um quadro ou dashboard para enfim analisar o resultado em comparação com a série histórica.

Além desse processo eliminar a possibilidade de analisar dados em tempo real, ele é MUITO suscetível a erros.

Tempo de reação longe de ser em tempo real

Seguindo o raciocínio acima, até que o dado apontado manualmente chegue em uma estrutura de pessoas com poder de decisão dentro de uma fábrica, o problema já está causando prejuízo. Se tiver erros então, pode levar a ações equivocadas e atrasar ainda mais o tempo de correção.

Como resolver o apontamento manual?

A resposta é essa mesmo que você está imaginando: digitalizando a coleta da informação. Existem diversos níveis de maturidade na jornada de dados e podemos ir desde a coleta manual por um operário digitando diretamente em um formulário digital, passando pela extração direto das informações fornecidas por uma máquina da linha de produção e indo até dispositivos IoT externos que podem por imagem, som, pressão, temperatura ou umidade fazerem as medições.

Algumas vantagens que uma produção com coleta, análise e display de dados digitalmente podem ter:

  • Informações em tempo real

  • Tempo imediato de reação

  • Economia de insumos

  • Mais precisão no controle de qualidade.

  • Evitar manutenções corretivas e parada nas linhas de produção

Operação digital de um robô – Fonte: Unsplash

Diferentes níveis de maturidade podem dar resultados diferentes. Porém, abandonar o papel quando se ataca o problema mais simples, pode gerar excelentes resultados, concorda? É o famoso começar pequeno e escalar rapidamente.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação. 

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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