A TV ainda é o eletrodoméstico mais presente na casa das pessoas. Eu não tenho os números oficiais, mas palpito em dizer que se em um domicílio tem energia elétrica, certamente tem uma televisão.
Os tempos áureos da televisão parecem ter ficado para trás ao longo dos seus setenta e poucos anos de existência no Brasil. O que já foi moderno, se tornou secundário para a maioria das pessoas e é hora de mudar!
Acompanhe comigo uma jornada pelo que eu estou chamando de quarta etapa da jornada da TV no Brasil: a TV 3.0! Bora lá?
A história da TV em suas etapas.
Desde a primeira transmissão de TV no Brasil nos anos 50 essa jornada de cobertura quase que plena dos nossos lares foi bastante gradual.
O início, além de todo o frisson causado pela novidade, foram 20 anos praticamente de cobertura preto e branco – sim gente a programação televisiva já foi um dia transmitida sem cores.
Nesse momento veio a famosa Copa de 70 no México e a transmissão a cores, inaugurando a era da popularização da TV no Brasil que durou 30 anos. Nessa segunda etapa da sua jornada, a TV deixou de ser um bem de luxo para ser o veículo principal de informações para as pessoas.
Os últimos 24 anos tiveram dois fatos bem relevantes na terceira onda da TV no Brasil. O surgimento da TV Digital, prometendo uma revolução e trazendo mais qualidade de imagem e som e a chegada da Internet que mudou radicalmente essa jornada.
Chegamos em 2024 e mais uma Copa deve marcar o início do ciclo da TV 3.0: a meta é que em 2026 durante o mundial, já tenhamos transmissão dos jogos com esse novo padrão e TVs / decodificadores disponíveis para recebê-lo.
Mas o que é a TV 3.0?
Que esta iniciativa significa uma nova fase para a TV aberta no Brasil, todo mundo já sabe. Porém, irei dividir a minha resposta em duas partes conforme o que vem sendo explicado sobre o novo padrão até então.
Pensando no mundo de broadcast, onde somente existe fluxo de informações entre as emissoras e os nossos aparelhos de TV, espera-se que tenhamos um grande salto de qualidade na transmissão do sinal de TV tanto no vídeo quanto no áudio. Espera-se que saltemos do atual Full HD da TV Digital para conteúdo de vídeo com resolução em 4K e até 8K. Já no áudio ainda existe uma discussão sobre quais padrões devem ser adotados, mas a notícia boa aqui é que o padrão de áudio imersivo MPEG-H está em análise.
Agora, quando falamos no mundo conectado – o grande apelo da TV 3.0, muitos outros benefícios podem aparecer. Pensando na maneira como hoje interagimos com a TV – numa lista de canais sequencial, a ideia é que nessa nova geração da televisão tenhamos os canais listados em um ambiente similar a uma Smart TV, porém sem perder o sequenciamento dos canais, ainda importante em casos onde a internet não será conectada à TV.
Já ao falar da programação da TV 3.0 conectada, um mundo de possibilidades se abre e a palavra de ordem aqui é a interatividade! Com a internet podendo carregar de volta os nossos comandos para a telinha podemos ter diversas novidades na TV 3.0:
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Em um jogo de futebol, show de música ou reality show, escolher a câmera e/ou o canal de áudio que mais te agrade.
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Durante um filme, seriado ou novela, poder comprar ao vivo algum produto que está sendo usado durante este conteúdo.
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Ter uma personalização maior, ou melhor uma regionalização, nos comerciais fazendo com que essa fragmentação possa atrair mais anunciantes que estejam mais próximos do seu público.
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Responder enquetes ao longo da programação, podendo até influenciar na sua sequência.
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Acessar conteúdos sob demanda de todos os canais da tv aberta em uma interface única.
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Devido a sua penetração tão expressiva nos lares brasileiros, a TV pode ganhar um novo papel social, levando políticas públicas de saúde e educação para quem precisa.
Como teremos acesso à TV 3.0?
Infelizmente passaremos pela mesma migração que foi a TV Digital e está sendo a nova TV Parabólica Digital. Para os aparelhos existentes, precisaremos ter conversores que possam captar o sinal da nova tecnologia, hospedar a nova interface dos canais – estilo loja de aplicativos e fazer toda a interação de retorno via internet.
Em paralelo os novos televisores começarão a sair de fábrica com a nova tecnologia embarcada. Eu falei da Copa de 2026 porque a meta é que a TV 3.0 esteja disponível antes deste evento.
Para as pessoas de baixa renda, pode ser que tenhamos um novo programa de distribuição de conversores durante a migração que deve começar pelos grandes centros urbanos.
Em que ponto estamos?
Esta semana saiu a notícia de que os membros do Conselho Deliberativo do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (Sbtvd) deverão recomendar ao Ministério das Comunicações que o país adote o sistema ATSC 3.0. A decisão final ficará a cargo do Presidente da República. O padrão japonês também está no páreo.
Também li algumas especulações de que podemos ter um padrão mesclado considerando o europeu apenas para dispositivos móveis. Como ainda estamos em fase de discussões e definições, precisamos acompanhar a evolução das resoluções.
Ao que tudo indica, a mudança é bem positiva e pode trazer uma injeção de novas possibilidades para a TV aberta. Por aqui só posso desejar que independente da escolha que façamos nos padrões, não criemos uma jabuticaba brasileira como já vimos em outras histórias no passado. Afinal de contas, já dizia aquele famoso ditado: o bom é inimigo do ótimo.
E você, já tinha ouvido falar da TV 3.0? Deixe aí nos comentários as suas impressões ou alguma dúvida!
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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