Inovação precisa ter invenção?

Acreditamos que para inovar é necessário inventar algo. Seriam esses dois termos diretamente conectados ou uma crença limitante que no final das contas acaba atrapalhando a inovação?

Mas antes, o que diz o dicionário?

Inovação:

  1. ação ou efeito de inovar.
  2. aquilo que é novo, coisa nova, novidade.

Invenção:

  1. imaginação produtiva ou criadora, capacidade criativa.
  2. descoberta ou criação (decorrente de estudo ou experimento) de alguma coisa, geralmente de utilidade social.
  3. faculdade de criar ou de pôr em prática uma ideia, uma concepção; criação.

Olhando para o significado de ambos substantivos, se vê uma semelhança, pois, ambas dizem respeito a mudar algo. Porém, o ponto de início e o resultado tem muitas diferenças.

O que é uma invenção?

  • Algo que seja uma novidade — explora novas ideias e surge de um processo criativo.
  • Tenha aplicação prática — não existem invenções teóricas.
  • Suscetível de utilização industrial.

Para exemplificar, a lâmpada elétrica criada por Thomas Edison em 1879 é uma invenção:

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Lâmpada de Thomas Edison – Fonte: thomasinventor

E o que é uma inovação?

  • Transformar algo existente.
  • Melhora a eficácia de um produto, serviço ou processo.
  • Gera valor para a sociedade.

Já a lâmpada LED branca que surgiu mais de 120 anos após a criação da lâmpada incandescente é uma inovação. Note que há algumas mudanças propostas pela lâmpada LED em relação a incandescente como menor consumo de energia e maior durabilidade.

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Lâmpada LED – Fonte: Philips

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Relacionando os dois conceitos de inovação e invenção:

Roman e Puett Junior em International Business and Technological Innovation (1983), trazem duas interessantes sínteses para a diferença entre inovação e invenção:

  • Uma distinção muito mais simples entre a invenção e a inovação se resume aos verbos “conceber” e “usar”.
  • Invenção envolve a concepção de uma ideia, enquanto inovação é o uso, de onde a ideia ou invenção é direcionada para a economia.
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Pode-se concluir que inovações podem ou não conter invenções. Na maioria das vezes inovações são melhorias do que já existe visando gerar valor para a sociedade. O exemplo que usamos hoje sobre as lâmpadas, apesar de ter ficado claro a diferença entre a lâmpada incandescente (invenção) e a LED (inovação), há uma componente de invenção nessa última tecnologia.

Criados na década de 60, os LEDs conseguiam reproduzir apenas duas das três cores básicas: o vermelho e o verde. Somente na década de 90, três cientistas japoneses conseguiram reproduzir o azul usando nitreto de gálio. Por tal invenção, ganharam o Nobel de Física em 2014.

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LEDs Azuis – Fonte: physicsworld

Outro exemplo de invenção é o telégrafo inventado por Samuel Morse em 1835. Conheça um pouco dessa história no artigo de minha autoria: Por que o telégrafo foi nossa primeira arma de guerra tecnológica? Mas o telégrafo também passou por ciclos de inovação? (SPOILER ALERT!) Décadas mais tarde, já no séc. XX, aconteceu. Falarei no próximo artigo sobre o telégrafo sem fio e a primeira transmissão de voz também sem fio: Guglielmo Marconi e Padre Landell de Moura — brasileiro, os pais do rádio.

Inovações são necessárias para o desenvolvimento das corporações e como resposta a pergunta inicial, não precisam conter invenções em seu processo evolutivo. Melhorar produtos, serviços e processos já existentes podem gerar resultados esperados para que corporações continuem evoluindo e se tornando mais eficientes.

Samsung e Apple não inventaram o Smartphone. Já a Tesla, também não inventou o carro nem tampouco que fosse elétrico. Em comum essas três corporações inovaram melhorando algo existente. Me conte nos comentários: quais outros exemplos, você identifica de inovações sem invenções?

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Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos incluindo o cicloturismo.

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Bibliografia: