Web3 é a nova fronteira da Internet?

Nós sempre nos referimos a internet como um substantivo, e parece fazer muito sentido para mim. Olhando para o nome em si, inter = interconexão e net = rede, foi essa rede de interconexão que permitiu conectarmos todos os rincões do mundo em um mesmo sistema, ou rede.

A criação da internet remete a anos muito mais distantes dos 90, onde muitos de nós tivemos os primeiros contatos com a rede. Se pararmos para falar aqui de Modems, 14.400 bps, BBS, ATDT e outras buzzwords da época dá um livro de memórias dessa época.

A internet que se popularizou entre nós, como todo organismo ou tecnologia, evoluiu e agora estamos discutindo o terceiro ciclo evolutivo dela, chamado Web3. Bora entender como essa nova geração da internet pode afetar a maneira como nos conectamos e interagimos com o mundo digital?

Web 1.0: o nascimento

29 de outubro de 1969, um estudante da UCLA (University of California) tentou dar um comando de Login em um computador localizado a 560 km de distância, em um instituto de pesquisa em Stanford. Esse comando falhou com o computador remoto travando ao receber o segundo caractere. Sim, Modems, meus amigos, a internet nasceu a partir de um experimento sem sucesso.

Sala onde surgiu a ARPANET – Fonte: UCLA

Essa rede evoluiu e foi crescendo patrocinada pelo governo americano e recebeu o nome de ARPANET, pois foi criada pela ARPA (Advanced Research Projects Agency).

A Web 1.0 era uma rede baseada em hiperlinks, melhor dito, as URLs que usamos ainda hoje para acessar os diversos websites. Com essa primeira geração de internet era possível ler conteúdo estático e com muita sorte visualizar imagens.

Como tenho o privilégio de ter vivido essa transição do analógico para o digital – meu primeiro computador ganhei do meu pai que tinha comprado ele em um consórcio, a vontade de contar mais histórias sobre essa época é grande. Mas vou parar por aqui e deixar essas histórias para quem sabe outro artigo.

Web 2.0: a popularização

O grande apelo da Web 2.0 foi o protagonismo dos usuários na criação de conteúdo. Se na versão anterior da internet éramos meros protagonistas na Internet, com a chegada da segunda versão da internet passamos a interagir com pessoas e conteúdos o tempo todo.

Eu me lembro bem do desse salto olhando para as ferramentas de comunicação. As salas de bate-papo web (Olá UOL, AOL, etc.) tiveram sua evolução no IRC – popularizado pelo mIRC que ao contrário do que muitos pensam segue vivo até hoje, passando pelo ICQ com a sua florzinha e o som “OH OH!” de nova mensagem. Também surgiram os blogs e eu tive 2: um no vivoblog e outro no blogspot. Bons tempos…

mIRC – Fonte: Softonic

Mas o salto mesmo veio com as redes sociais e os aplicativos viabilizados na década seguinte pela quarta geração das redes celulares: o tão falado 4G. Além da produção de conteúdo e o consequente consumo do que está sendo produzido por outras pessoas e organizações de maneira muito mais dinâmica do que era na primeira geração da internet, passamos a usar essa rede global como ferramenta de trabalho. IFood, WhatsApp, Uber, Airbnb e as redes sociais como o nosso LinkedIn são exemplos disso.

Um efeito colateral da Web 2.0 foi a centralização das informações. Se antes na Web1.0 cada um que tivesse um site ou conteúdo publicado na internet tinha que manter uma infraestrutura computacional no ar para hospedar o seu site, atualmente hospedamos nossos sites, aplicativos e conteúdos em datacenters de terceiros onde pelo menos metade pertence as big techs e seus produtos de cloud pública.

Web3: distribuir outra vez?

A Internet nasceu como uma rede distribuída e cada um tomando conta do seu conteúdo, evoluiu mantendo o conceito de rede distribuída – atingindo uma capilaridade impensável lá nos anos 70 e seus 4 nós na costa oeste americana.

Mas o conteúdo, mesmo sendo da autoria de muitos de nós, se concentrou sob a custódia de poucas entidades. Esse tem sido o cerne da discussão para implantarmos um novo conceito de redistribuição do conteúdo.

O grande buzzword dessa terceira geração da internet é o blockchain. Essa tecnologia é uma plataforma que permite registrar transações de maneira descentralizada. Ela é amplamente utilizada como base para as criptomoedas e deve apoiar também a criação do Real Digital, ou Drex como será conhecida a moeda brasileira digital.

DREX – Fonte: Institutopropague

Voltando a Web3, o uso de blockchain permite armazenar as informações sobre um ativo ou pessoa e torná-los disponíveis no mundo digital. A descentralização nos permitirá trocas de informações entre usuários sem o intermédio de empresas como, por exemplo, as big techs, seus cloud providers e as redes sociais.

Como criador de conteúdo constante, dois pontos que me chamam a atenção na Web3 são a segurança proporcionada pela cadeia blockchain e a proteção da autoria de conteúdos. O que você produz e publica na internet levará aquela marcação de que é de sua autoria. Depois de tanto ser copiado, eu ouvi um Amém?

Claramente estamos na fase de experimentação desse padrão mas posso citar dois exemplos frequentemente associados a Web3: os NFTs – Non Fungible Tokens representados pelas fotos de macacos que vimos circular ano passado e até o Neymar comprou algumas e o Metaverso, que já esteve mais quente e quando em pleno uso da Web3 deve fazer mais sentido o seu uso do que hoje.

Neymar e seu NFT – Fonte: Twitter

Quando se fala de Web3, tudo ainda é muito recente e dinâmico, pois está sendo criado. Portanto, sigo aqui na minha busca pelo conhecimento aprendendo cada dia mais.

E você, já conhecia sobre Web3? Sinta-se à vontade para contribuir em forma de comentários!

Publicado originalmente em mauroperiquito.com

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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Bibliografia