Todo início de quartil acontecem dois fenômenos distintos em todas as organizações que consomem tecnologia e tem um budget separado para isso: revisão orçamentária ou início de novo ano fiscal.
Equilibrar as contas é sempre um malabarismo. Por mais que tenha orçamento, sempre existe a sensação de que não é o suficiente. Com toda a transformação digital vivida pelos negócios, as demandas não param de chegar e a complexidade dos sistemas e da infraestrutura também.
Por falar em balanço, outro dilema de um orçamento é equilibrar os gastos entre investimentos (CAPEX) e manutenção (OPEX). Falando dessas despesas operacionais, que normalmente ocupam a maioria dos orçamentos de tecnologia, será que elas contribuem de maneira positiva?
CAPEX vs. OPEX
Como nem todo mundo que lê os artigos por aqui conhece e seguindo firme no propósito deste Newsletter, que é trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia, vamos entender os conceitos por trás dos dois modelos de investimento?
CAPEX é a sigla de Capital Expenditure, o que remete aos investimentos em bens de capitais ou despesas de capitais. Ou seja, toda aquisição de equipamentos, ou licenças de software que resultam em novos ativos ampliando seu patrimônio. Peças adicionais para equipamentos e licenças complementares também entram nesta categoria.
Já OPEX remete a Operational Expenditure e engloba toda e qualquer despesa operacional relacionada a manutenção e suporte dos equipamentos e licenças adquiridos como CAPEX e também de soluções de terceiros como, por exemplo, despesas com pessoal – que pode ou não ser um serviço de outsourcing, um software como serviço (SaaS), a mensalidade de um link de comunicação ou o aluguel de capacidade computacional em um ambiente de nuvem.
Qual dos dois é mais vantajoso?
Uma resposta definitiva para esta pergunta não existe e dependerá da realidade de cada organização.
Fazer investimentos em CAPEX pode ser uma boa decisão para organizações que tenham obrigações orçamentárias neste sentido. Tais obrigações podem vir de acordos com terceiros ou até exigências de agências reguladoras governamentais. Como qualquer investimento, estas aquisições aumentam o valor de mercado de uma organização.
Os custos recorrentes com OPEX tem uma abordagem diferente. Na contramão do aumento do patrimônio e complexos cálculos de depreciação resultando na obrigação de investir constantemente para manter os ativos atualizados, com despesas operacionais você transfere este risco para quem mantém seus ambientes a serviço da sua organização. Sem contar que este tipo de despesa recorrente é dedutível em impostos, gerando outras economias no business case.
Então por que classificar o OPEX como mocinho ou vilão?
Se fossemos discutir as vantagens dos dois modelos de investimento, ficaríamos por aqui horas a finco em um debate sem fim. Olhando para as despesas operacionais e conversando com diversos clientes sobre o uso dos seus orçamentos de TI, tenho percebido que muitas vezes eles não tem feito um uso eficiente deste capital.
Não muito tempo atrás escrevi dois artigos que são bons pontos de partida para esta discussão. No artigo Será que o Legado de TI é algo que realmente queremos deixar?, falamos um pouco aqui sobre atualização do parque tecnológico, o que remete diretamente a CAPEX e novos investimentos.
Porém, existem dois pontos que eu gostaria de destacar neste prisma:
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Infraestruturas e sistemas antigos demandam alto custo de manutenção: manter contratos de suporte e manutenção para equipamentos no final do seu ciclo de vida é mais custoso, pois o estoque de peças de reposição é mais caro, aumenta o risco na recuperação de uma falha e pode também ser difícil encontrar profissionais com skills neses ativos legados. Portanto, mesmo que se opte pela atualização dos ativos via CAPEX, isto pode impactar positivamente nos custos de manutenção e suporte classificados como OPEX.
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Investir ou consumir como serviço? O momento de atualizar equipamentos legados também pode levar a esta pergunta. Hoje existe uma extensa gama de soluções como serviço que integradores de tecnologia oferecem ao mercado. Já que estamos falando de ativos, IaaS, PaaS ou SaaS podem ser caminhos a serem avaliados uma vez que nestes modelos você vende parte do seu risco operacional para a organização prestadora do serviço.
Também escrevi o artigo Você já ouviu falar em modernização de aplicações? Ele fala um pouco mais das aplicações legadas que todos nós usamos e mantemos em nossas organizações. Como diz aquele ditado: “Old but Gold!”, são aplicações valiosíssimas no nosso dia a dia, mas que com o passar dos anos nos trazem riscos extras.
O meu ponto referente ao legado de aplicações também é relacionado ao uso eficiente de OPEX para mantê-las funcionado. Trazendo um pouco dos tópicos do artigo mencionado acima, nós acabamos destinando uma parte relevante dos recursos para:
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Mitigar riscos cibernéticos ou contramedidas durante um ataque
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Suporte de aplicações legadas descontinuadas internamente ou pelo fabricante
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Manter equipes especializadas que estão muitas vezes saindo do mercado ou migraram para trabalhar com algo mais atualizado
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Projetos complexos de integração com soluções mais atuais
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Acompanhar o ritmo ditado pela organização pode significar mais custos
Nestas situações também poderíamos estar trocando despesas OPEX de custosos legados pela contratação de consultorias especializadas e soluções de mercado que permitissem a modernização destas aplicações.
Em ambas abordagens é possível que estejamos usando parte do orçamento para manter algo que é legado e expõe a empresas a diversos riscos quando poderíamos investir em soluções que além de reduzir os custos de manutenção. Assim podemos transformar aquele orçamento vilão em mocinho!
E você, compreendeu esta diferença de abordagem no uso de OPEX?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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