Seria o CIO o maestro da Orquestra do TI com o Negócio?

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Foi muito bacana escrever semana passada sobre o papel dos Business Partners entre a TI e o negócio. A ambidestria de ouvir e falar na hora certa rendeu boas discussões nos comentários aqui e levou o papo até para o offline!

É inegável que tecnologia deixou de ser uma área de suporte para figurar no meio da estratégia das organizações. O menino de TI segue existindo, mas a sua importância é crescente.

Quem quiser ler um pouco disso, veja o artigo: Os Business Partners são os ouvidos de TI ou as vozes do Negócio?

Em organizações complexas e interdependentes, há vários níveis que precisam estar alinhados para que tudo funcione bem como uma orquestra. Em se tratando de TI e negócio, além dos business partners, o CIO desempenha um papel muito importante nessa jornada: o maestro.

Bora entender porque a Batuta do CIO é tão importante?

Os diferentes papéis do CIO na relação com o negócio.

  • Alinhamento com os seus pares: uma das principais funções do CIO é manter um diálogo constante com outros C-Levels. Nessas conversas, o CIO deve aproveitar como uma via de mão dupla. Se por um lado ele precisa ser um evangelizador traduzindo conceitos de tecnologia para o negócio, por outro lado, ele deve absorver conhecimento e conhecer cada vez mais do negócio. Esses comportamentos irão fortalecer sua posição como parceiro do negócio e o colocará como um parceiro estratégico na tomada de decisões executivas.

  • Atuação como Business Partner: Apesar de ser o líder dos BPs, em muitos momentos, principalmente com os executivos citados acima, ele precisará atuar como um dos seus. Em alguns fóruns não haverá tempo para engajar um BP e o próprio CIO deverá identificar como a tecnologia deve suportar as metas da organização. Sob sua Batuta, o time de BPs deve criar e manter atualizado um roadmap tecnológico que esteja aderente ao planejamento estratégico da organização.

  • Análise de mercado: um passo antes de ser o evangelizador master de tecnologia, o CIO deve liderar o time a monitorar a evolução da tecnologia com diversos prismas: as marcas, os integradores e por fim a adoção pela concorrência ou outros segmentos de negócio. Ouvir o mercado é essencial para se antecipar conhecendo o que vem pela frente.

  • Promover ecossistema colaborativo: a palavra de ordem aqui é parcerias. Estabelecer essa colaboração com outras áreas da empresa, startups, Sistema S, Universidades, o mercado de tecnologia. Para aumentar a cooperação interna, criar comitês de temas como Inovação, Industria 4.0 e Cibersegurança podem ajudar a acelerar essa colaboração.

  • Medir, medir e medir: O ator mais questionado sobre a eficácia da adoção da tecnologia é certamente o maestro CIO. Ele precisa estabelecer KPIs para medir a performance das iniciativas e também calcular o retorno do investimento nelas — o famoso ROI.

  • Governança orçamentária: Mesmo que seja desenvolvido pela sua organização, a defesa final do orçamento de tecnologia em um ano fiscal ou de um projeto específico, estará a cargo do CIO frente à liderança sênior da empresa.

  • Gestão de portifólio: Executando essa estratégia toda com sucesso, os projetos virão, quiçá aos montes. Alinhar os projetos aos riscos e prioridades do negócio devem contar com o CIO como Patrocinador, pois gerará ruído sempre que alguma iniciativa for preterida. Outro ponto importante é balancear os investimentos e priorização entre manutenção (Run) e inovação (Grow).

De chefe do suporte a maestro: a grande virada de chave do CIO

Eu queria dizer para vocês aqui que a função do TI como suporte está comoditizando e os CIO junto com as suas equipes estão cada vez mais conectados com o negócio. Isto é verdade em partes…

Maestro João Carlos Martins – Fonte: O Globo

Antes que eu leve uma pedrada por aqui, esclareço: há uma diversidade de abordagens no mercado. Mas, muitas delas estão relacionados ao comportamento do CIO e do seu time.

Em um cenário ideal, o CIO assume o posicionamento que discutimos acima, e o jogo do dia-a-dia segue com o maestro guiando a sua orquestra de tecnologia. Em casos aonde esta ambidestria do CIO entre TI e negócios não flui, vejo em minhas andanças duas situações:

  • A estagnação do negócio por falta de foco do time de TI. Muitos deles usam a desculpa do alto custo da inovação e a redução de postos de trabalho para justificar o não avanço.

  • O temido Shadow IT! Quem não faz, fica a mercê de quem quer fazer. Em muitas organizações vemos as áreas de negócio assumindo papéis e responsabilidades que deveriam ser da área de TI. Essa soma de uma visão apurada do negócio com pouco conhecimento de fundamentos de TI pode levantar riscos como:

— Cibernéticos e de Resiliência

— Continuidade do Negócio

— FinOps (Controle de Gastos em Cloud)

— Arquitetura e Performance

Portanto, essa virada de chave do CIO é realmente virar o maestro e assumir o protagonismo da transformação digital em uma organização, posicionando a si e ao time como interlocutores com os mais diversos níveis hierárquicos e áreas de suporte e negócio.

Se a busca é pela batida perfeita, o nosso CIO maestro deve conduzir todos nessa melodia, concorda?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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