Segundo dia de Futurecom… Nessa retomada dos eventos, como está sendo importante retornar àquele que é a casa da conectividade e das telecomunicações. Junto com vários craques, tive a oportunidade de participar de um Meetup da recém-lançada comunidade de Agro da Futurecom capitaneada pela querida Lia Penteado da Informa Markets LATAM.
Nosso Kick-off presencial Meetup Futurecom Agro – 📸 : Adriana Vergilio
Alguns dados sobre esse segmento me chamam bastante a atenção. Segundo o último Censo Agropecuário, divulgado em 2020, o Brasil possui mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais que ocupam cerca de 41% do território do país
Isso significa falar que dos 8,5 milhões de km² do território nacional, cerca de 3,5 estão dentro de propriedades rurais, sendo divididas entre pastagens, lavouras ou áreas preservadas de mata.
Durante o nosso Meetup, nesse grupo tão diverso formado tanto por criadores de tecnologia quanto representantes do agronegócio, focamos as primeiras discussões na disponibilidade de dados e conectividade no campo. A maior dificuldade apontada não foi a questão da coleta dos dados sim como conectar as máquinas e os sensores – geradores de dados com as aplicações que vão tratá-los.
Pensando em conectividade de rede pública, hoje temos mais de 22 mil km de estradas cobertas pelo 4G e até 2029 mais 1.185 trechos de rodovia, somando mais 31 mil km devem receber cobertura de rede celular. As sedes dos 5580 municípios devem receber no mínimo a cobertura de uma prestadora – no caso de terem sua população menor que 30 mil habitantes. Também como resultado do leilão das frequências de 26 GHz foram reservados cerca de R$ 3,1 bi para a cobertura de escolas com redes celulares.
Essas obrigações estão previstas no edital de implantação do 5G. O que escolas, estradas e sedes municipais tem a ver com a cobertura nas propriedades rurais? Uma parte desses estabelecimentos está à beira dessas estradas, perto de escolas e em alguns casos das sedes municipais.
Esses esforços endereçam uma parte do problema. Porém, a maior parte das propriedades seguirá tendo dificuldade na conexão e muitos deverão buscar por conta própria como conectar suas propriedades.
Além das tradicionais redes públicas celulares e dos serviços de conectividade via rádio de ISPs (Internet Service Providers) regionais, existem outras alternativas para cobertura de propriedades rurais:
- Redes privativas 4G/5G;
- Redes via Satélite:
– VSAT geoestacionários;
– Órbita baixa – Starlink Tesla;
– Constelações para IoT – Sateliot.
- Enlaces de rádio;
- Links cabeados terrestres;
Como já discutimos em um post anterior, há uma série de fatores a serem considerados na hora da escolha da melhor conectividade para uma propriedade rural:
– custo
– latência
– quantidade de mensagens / dia
– equilíbrio entre uplink e downlink
– velocidade
– cobertura
– espectro aberto vs regulamentado
– rede pública vs privada
– segurança da informação
– relevo e obstáculos na propagação do sinal
– disponibilidade de equipamentos
– consumo de energia e/ou bateria
– complexidade de instalação
– gestão da conectividade e dos endpoints
– processamento em nuvem ou na borda
– retorno do investimento
Não existe one size fits all, concorda?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos incluindo o cicloturismo.
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