O dia a dia das organizações nos consome de tal forma que muitas vezes nos sentimos como bombeiros tentando apagar fogo o tempo todo. Se não organizarmos a rotina e dermos um passo atrás olhando para o planejamento do negócio, certamente a sustentabilidade dele ou até a possibilidade de dar um próximo passo pode ser comprometida.
Ao pensar no futuro de uma empresa, invariavelmente pensamos no planejamento estratégico dela. Nele traçamos objetivos e planejamos o que deve ser feito para alcançá-los. Definir metas e indicadores é cerne desse planejamento
A Transformação Digital das organizações trouxe novos desafios e colocou a área de tecnologia no centro dessas discussões. Se algum tempo atrás os gastos com TI eram vistos somente como despesas, o protagonismo de tecnologia fez com que essa disciplina fosse essencial na busca pelos objetivos estratégicos da organização. Neste contexto, Plano Diretor de TI (PDTI) deve servir como guia para chegar aos objetivos traçados.
O que é um PDTI?
Um Plano Diretor de TI descreve os processos de tecnologia da informação usados para fazer a gestão dos negócios de uma organização. Em outras palavras, podemos resumi-lo como a tradução da estratégia, ou seja, o que devemos fazer em TI para que a empresa atinga seus objetivos estratégicos.
Em um “passado muito remoto” (contém ironia) a área de tecnologia e seu planejamento eram resumidos em uma linha do budget e vistos como custo somente. Deveria ser claro para todos que sem tecnologia, algumas ações do planejamento estratégicos podem demorar mais do que o planejado ou até inviáveis de se alcançar.
Olhando ainda para o planejamento estratégico, o PDTI deve conter objetivos e metas de como a tecnologia, sempre alinhada com a estratégia, deve estar inserida em cada área da organização.
Este ponto é importante, pois ao fazer esse exercício a área de tecnologia se afasta do estigma de ser uma área consumidora de recursos para assumir uma posição de parceira de negócios. Entender as necessidades específicas e comuns de cada uma delas e traduzir isso em como a tecnologia pode ajudar a alcançar os objetivos esperados coloca TI no protagonismo dos negócios.
Em organizações maiores essa dinâmica pode ser feita por uma série de reuniões de trabalho ou entrevistas. Mas se você é um pequeno empreendedor, ou um exército de um homem só, não deixe de fazer este exercício, mesmo que individualmente.
Encontrar exemplos de PDTI na internet de todos os tamanhos e sabores não é difícil. Em muitos deles indica-se a criação de uma matriz SWOT para analisar os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças para sobre o uso de tecnologia em uma organização. Este passo pode gerar diálogos interessantes com as demais áreas, coletando valiosos insights para a construção do PDTI.
Por fim, a reflexão de toda a informação coletada e combinada, organizada na linha do tempo segundo os objetivos estratégicos, deve gerar uma lista de projetos de tecnologia com custos, prazos de implantação e o uso de recursos da organização. Um PDTI pode conter uma lista de projetos a serem executados nos próximos 1 a 5 anos. O prazo que funciona para cada caso irá depender da capacidade de execução e planejamento de cada organização.
Um exemplo de iniciativa que pode estar nesta lista de projetos é como lidar com o legado tecnológico que falei um pouco no artigo passado.
É inevitável olhar para esta tríade acima e pensar no custo dos projetos, mas eu gostaria de chamar a atenção para outro ponto que eu tenho visto como um desafio ainda maior do que “pagar a conta”: conciliar o uso de recursos de diversas áreas em uma organização.
Com diversas prioridades do negócio em cima da mesa, a minha percepção é que muitos projetos de tecnologia importantes para o negócio não evoluem porque não existe disponibilidade ou engajamento das pessoas.
Aproveite a criação deste plano para engajar as áreas em seus projetos. Discutir claramente a tradução da estratégia da organização no PDTI, coletando feedbacks e reforçando a importância de caminharem todos juntos para que a busca dos objetivos e metas seja constantemente suportada por TI.
E você, tem feito o exercício de criar e manter um Plano Diretor de TI?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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