Um ano atrás chegamos a 8 bilhões de pessoas, um marco impressionante que teve a barreira do último bi rompida em apenas 11 anos.
Ao longo dos séculos da nossa existência, vejo que poucos fenômenos trouxeram para as pessoas uma mudança tão grande quanto a transformação digital. Certamente fim do nomadismo e o estabelecimento do conceito de sociedade, o fogo e a escrita merecem o seu destaque.
Esta última mudança foi tão profunda que até a pirâmide de Maslow foi alterada considerando as necessidades impostas pela digitalização da sociedade:
Pirâmide de Maslow 2.0 – Fonte: Innov Digital
Porém, se nem todos os habitantes do planeta em acesso a esses benefícios digitais, uma parcela muito maior tem acesso com uma miríade de limitações que restringe o seu uso ao ponto de inviabilizar a sua inclusão digital plena.
Nasce aí o termo conectividade significativa. Você já ouviu falar dele?
Um pouco de contexto…
95% da população mundial tem algum acesso à internet, mas quando olhamos para os outros 5% que estão totalmente isolados encontramos quase dois Brasis em número de pessoas – 395 milhões. Olhando por esse prisma, é um número bastante relevante.
Existem algumas teses a falta de conectividade para essas pessoas onde a questões econômicas e geográficas são as mais significantes.
Mas, me chama a atenção que se alguns parâmetros das pesquisas forem alterados esse número pode ser bem maior. Algumas pesquisas consideram que se a pessoa se conecta uma vez a cada três meses à internet, ela faz parte daqueles que tem acesso.
A conectividade limitada
Olhando para essa parcela classificada como conectada a internet, mesmo que de maneira esporádica, há diversos limitantes que podem explicar essa falta de conexão adequada.
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Dispositivos: pessoas não tem acesso a dispositivos adequados ou compartilham esses dispositivos com outras pessoas. Apesar de entender que o celular é o dispositivo padrão, existe uma série de tarefas que podem ser facilitadas se executadas em uma estação de trabalho, como, por exemplo, escrever esse artigo aqui.
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Planos de dados: no caso do Brasil, por exemplo, há indicadores que falam que os usuários de planos de dados móveis ficam uma média de 10 dias por mês sem franquia disponível e acesso limitado a apenas alguns aplicativos.
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Energia elétrica: este fator limitante me chamou muito a atenção. Mais de 700 milhões de pessoas no mundo e podemos dizer que aproximadamente 2 milhões dessas pessoas são brasileiros. Quando essa condição é inexistente, o acesso à internet se torna apenas um detalhe.
Colocados esses três pontos de visão mais sistêmica, entramos em dois pontos mais técnicos que afetam o nosso dia-a-dia das discussões de conectividade:
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Cobertura: você conhece um país onde 84,3% das pessoas vivem em 0,63% do território? Esse é o nosso Brasil! Por esse motivo, boa parte da estratégia de conectividade está concentrada nessas regiões. Some-se a isso a cobertura em estradas e algumas franjas das zonas rurais que chegamos ao nosso panorama de cobertura nacional. Em um país onde mais de 40% do território está localizado dentro de propriedades rurais, proporcionar conectividade para essas áreas significa inclusão digital e benefícios para o agronegócio que permeia mais de um quarto do nosso PIB.
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Velocidade: generalizando o nome pode ser esse. Mas se considerarmos que essa impressão é uma soma de vetores como: jitter, latência e taxa de erro, o trabalho para proporcionar um acesso de qualidade é bem mais complexo. É considerado acesso de banda larga fixa um link acima de 10Mbps e móvel uma conexão mínima 4G. Mas não adianta ofertar essas tecnologias se o Backbone, ou a espinha dorsal da rede, não suporta o escoamento do tráfego.
A conectividade significativa
Atacar os problemas citados nos parâmetros acima são soluções para os problemas de inclusão digital que enfrentamos no país que os dados mais recentes quantificam em cerca de 40 milhões de pessoas totalmente desconectadas no país.
A disponibilidade da conectividade adequada ou significativa, pode colocar em pé de igualdade um jovem em um rincão do país e outro em um centro urbano no que diz respeito ao acesso à informação e educação de qualidade. A educação é o maior vetor de mudança de patamar na sociedade.
Outro ponto dessa equação é o acesso aos serviços públicos. Lembrem-se que os auxílios da pandemia foram todos pagos digitalmente. No último ano o nosso Brasil chegou ao posto de segundo governo mais digitalizado do mundo.
E um terceiro prisma, porém bem conectado com os serviços públicos, está a segurança. Conectividade significativa faz a diferença em situações que colocam em risco a integridade das pessoas e até em emergências de saúde.
Existem diversas iniciativas governamentais e privadas para seguirmos perseguindo a conectividade significativa e destrinchá-las pode ser objeto de novas análises. O meu ponto aqui é ajudar a pivotar a opinião geral, priorizando mais do que a disponibilidade de conectividade, a reunião de mecanismos para que essa conexão seja de qualidade e realmente aja como um agente transformador na qualidade de vida das pessoas.
Você já conhecia esse termo: Conectividade Significativa?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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