Qual a diferença entre IIoT e IoT?

Eu aposto que IoT é um termo que você já ouviu falar. Alguns podem até não conhecer o significado da sigla – Internet of Things, mas conhecem alguns produtos que usam essa tecnologia.

Se você não conhece, fique tranquilo, pois vamos falar um pouco desse universo da Internet das Coisas. Porém, para não perder o costume, vamos complicar e descomplicar a tecnologia acrescentando outra letra “i” nessa sigla. O que será que significa IIoT?

Internet das Coisas (IoT) está entre nós!

Qualquer equipamento que se conecta a uma rede para enviar e/ou receber informações é um equipamento conectado. Mas será que todo equipamento conectado funciona pode ser classificado como IoT?

Vamos falar de um exemplo bastante simples que eu uso muito aqui em casa. Eu tenho uma caneca smart da marca Ember que mantém o meu café quente e na temperatura que eu coloco no app. Ela se comunica com o meu celular via bluetooth e sempre que liga usa a última configuração. Quando estabeleço um link entre a caneca e o celular, eu controlo a caneca em uma rede local, sem conexão com o mundo exterior. Esse não é um exemplo de IoT!

Agora pense na automatização da iluminação e nas câmeras que temos em casa. Se fazemos o controle desses equipamentos remotamente via internet, vendo e escutando o que se passa em casa ou acendendo e apagando as luzes, definitivamente esse é um exemplo de IoT. Se só fosse possível controlá-las via rede local, cairia no mesmo caso da caneca de café.

Um pouco de história do IoT

As primeiras menções do conceito IoT remetem para os anos 70 e uma relação com os sistemas SCADA, CLPs e a famosa ARPANET – a mãe da internet. Essa tecnologia foi chamada de computação persuasiva ou internet incorporada.

A invenção do nome IoT foi creditada ao engenheiro da Kevin Ashton que criou uma solução de RFID para supply chain. Em 1999, ao apresentar essa solução para o time da P&G, ele queria colar a tecnologia ao termo do momento: internet. O resto vocês podem imaginar…

E o tal o IIoT, para que serve? Como funciona?

Chegando ao ponto principal desse artigo, a Internet das Coisas Industrial, ou IIoT, também se encaixa na definição de dispositivos conectados, porém tem um fim ligeiramente diferente do IoT tradicional: atender as demandas missão crítica da Indústria.

Apesar de ter características bastante semelhantes ao IoT, outras diferem essa tecnologia industrial:

  • Robustez (Rugged): dispositivos IIoT são desenhados para operar em ambientes industriais que normalmente são bastante hostis a dispositivos normais. Estar preparado para suportar umidade, temperaturas altas e baixas, graxa e até ventos ou influências do clima quando estão ao ar livre.

Sensor de vibração e temperatura com bateria de até 5 anos montado em um motor – Fonte: Westpower Group

  • Segurança: Instalações industriais, quando invadidas, podem causar danos incalculáveis para corporações e a população em geral. Por exemplo, em outra ocasião comentei com vocês sobre dois ataques hacker a estações de tratamento de água, visando alterar a mistura de químicos, para envenenar as pessoas. Por sorte, ambos casos foram descobertos antes da distribuição de água começar. Portanto, os cuidados com segurança perimetral e cibernéticas são muito maiores na indústria do que em uma rede sem fio doméstica.

  • Compatibilidade retroativa: esses dispositivos irão operar em redes que contam com diversos equipamentos, novos e antigos de diversos fabricantes. Isso obriga que a gama de protocolos industriais que eles sejam capazes de entender, seja muito maior do que o stack IP das nossas redes locais domésticas.

  • Precisão e confiabilidade: ter certeza de que o dado está sendo medido com a melhor acurácia possível e que está sendo transmitido e entregue ao destinatário 100% do tempo são características de redes industriais.

  • Ciclo de vida: equipamentos industriais são concebidos para durarem muitos ciclos de vida, já que os investimentos em cadeia produtiva só trazem retorno se o tempo de uso for bastante longo.

Portanto, apesar de parecidos, há diferenças na funcionalidade e propósito entre os sistemas IoT e IIoT. Você conhecia essa categoria industrial?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação. 

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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