27, 1 bilhões de dispositivos IoT em uso no Brasil! Esta é a estimativa de parque instalado para o final de 2025, segundo a ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas. Um dos grandes catalizadores desta gigante adoção estão sendo as tecnologias de acesso sem fio, em especial as redes celulares 4G e sua sucessora: o 5G.
Se a principal qualidade do 5G é a velocidade, ela nem sempre é requisito para soluções de IoT. Pensando nisso, até uma versão customizada do 5G foi criada: o 5G RedCap que contei um pouco neste artigo. Além das redes públicas, leia-se das operadoras celulares, outra solução para conectividade veio com o surgimento das redes privadas.
Porém, apesar de todo este cenário promissor, vejo que temos uma “ponta solta” nessa história. Dispositivos de IoT tem sido projetados com foco muito mais funcional do que levando em conta proteção dos dados gerados e transmitidos.
Bora entender um pouco mais como proteger melhor estes dispositivos?
O tamanho do problema
Considerando o foco em funcionalidade dos dispositivos IoT que falamos acima, as preocupações com segurança nem sempre são levadas em conta. Um exemplo disso é a criptografia. Um relatório do grupo Unit 42, estima que 98% dos dispositivos de IoT não usam qualquer tipo de criptografia: quase um tapete vermelho estendido para os ataques maliciosos.
Como dispositivos IoT tem em sua maioria restrições de tamanho, capacidade computacional e energia, a solução para a falta de criptografia são os algoritmos leves pensados para desempenharem bem neste tipo de cenário.
Esse tipo de medida é essencial quando pensamos o quão sensíveis podem ser os dados que os dispositivos de IoT coletam, tratam em algumas vezes e transmitem. Pense o impacto que seria uma empresa ter os dados de sua produtividade roubados.
Além do risco de roubo de dados, outro possível problema é a alteração maliciosa deles, fazendo com que decisões equivocadas sejam tomadas e impactos econômicos ou reputacionais sejam sentidos.
Além da preocupação com os dados transmitidos, as rotinas de autenticação e autorização também podem levar a acessos indevidos nos dispositivos com a tomada de controle não autorizada.
Por fim, ataques DDoS – negação de serviço podem criar outra situação: a paralisação dos serviços a cargo dos dispositivos IoT.
O backhaul também pode facilitar o problema: apesar do 5G ter características que apoiam soluções IoT:
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Mais velocidade e Latência próxima de zero: um grande volume de dados trafegando na rede 5G pode dificultar a detecção dos ataques;
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Grande densidade de equipamentos conectados: aumenta a superfície de ataque por sistemas maliciosos;
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Redes privativas: se a integração IT/OT não for bem pensada pode levar o tráfego malicioso para o core da infraestrutura de TI de uma organização.
Uma possível solução: Blockchain
O Blockchain pode desempenhar um papel essencial na proteção de dispositivos IoT.As principais características desta solução seriam:
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Imutabilidade dos dados, garantindo a integridade da comunicação;
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Descentralização dos dados que combina com uma rede tão capilar como IoT;
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Contratos inteligentes que automatizam os acordos entre os devices e eliminam os intermediários.
Por todas as características apresentadas acima, a minha recomendação é que soluções IoT sejam pensadas com segurança by design, ou desde a sua concepção. Já na operação, projetos isolados de cibersegurança podem não serem capazes de mitigar todo risco. Para isso, é necessário que um programa de cibersegurança seja estabelecido com técnicas específicas para IoT e em sistemas industriais dispor até de uma estrutura de SOC OT.
Você conhecia todas essas preocupações com segurança de IoT em ambientes 5G?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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