Por que Datacenters são a Parte Física no Mundo Digital?

Enfim, 2025! E como esse novo ano que se inicia, renovamos as nossas esperanças por coisas boas em diversos aspectos da nossa vida. Nos últimos artigos do ano, fiz um paralelo da tecnologia e da época festiva que acabamos de deixar com o cotidiano da vida pessoal.

Entretanto, é hora de voltar a escovar bits por aqui e seguir na principal missão dessa newsletter, que é trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. E como primeiro assunto do ano, vamos falar sobre datacenters.

Quando começamos a falar de computação em nuvem, este termo passou por um tempo a ser preterido pelas pessoas, pois todas as atenções estavam viradas para cloud. Não podemos esquecer que por trás de toda infraestrutura de nuvem há um datacenter.

Em um mundo cada vez mais digital, não podemos esquecer que essa infraestrutura física é o que serve como base de sustentação para dados que criamos, processamos e armazenamos.

Por Que Datacenter?

Desde o ciclo de revoluções industriais que tivemos ao longo da história, sentimos a necessidade de não só produzir bens como também criar maneiras de administrar essas empresas. Daí surgiu a necessidade de se registrar informações, processá-las e armazenar. Sem entrar em muitos detalhes, esta jornada exigiu que começássemos a ter nas organizações arquivos físicos para toda a papelada que isso gerava.

Antigo Arquivo de documentos – Fonte: Docexpert

Veio a terceira revolução digital e a automação das linhas de produção foi o gatilho para a transformação digital dos negócios. Nos anos 80 e 90, passamos a trocar os formulários de papel e os arquivos enormes por computadores, dados digitalizados e armazenados em discos rígidos. Surgiram nessa época os CPDs (Centro de Processamento de Dados) das organizações, salas de informática que armazenavam infraestrutura tecnológica para lidar com a demanda digital das organizações.

Datacenter com racks de redes e servidores – Fonte: Pixabay

Avance um pouco o tempo e também o nível de transformação digital das organizações e presenciamos datacenters, CPDs evoluídos, posicionados dentro de toda e qualquer empresa. Mas aí vem o advento da computação em nuvem e a tendência de migrar tudo para nuvem.

Muitos datacenters são esvaziados e os workloads digitais migrados para cloud, uma estratégia que nem sempre tinha sucesso absoluto. Se você quiser saber um pouco mais sobre essa jornada, sugiro este artigo que escrevi:

E agora, vai para cloud ou volta de lá?

Ainda que não absoluta, jornadas de cloud migraram dados e sistemas de datacenters dedicados para infraestruturas compartilhadas. Portanto, seja ele próprio e dedicado, compartilhado ou público, a demanda por datacenters segue cada vez maior.

Onde estão os Datacenters em nossas vidas?

Até então, falamos muito da influência dos datacenters no mundo corporativo. Porém, nós pessoas físicas também temos uma dependência enorme deles. A evolução dos telefones celulares para smartphones trouxe pequenos computadores para a palma de nossas mãos.

Se, por um lado, o poder computacional desses devices nos permite realizar muitas tarefas diretamente nele, por outro, nós e os aplicativos instalados nele dependemos de dados localizados em diversos datacenters. Algo que nos ajudou bastante nessa jornada foi a evolução da internet e das redes sem fio (Wi-Fi e 4G/5G).

Com as redes sociais, os aplicativos de streaming de vídeos, os jogos online e mais recentemente os assistentes virtuais embebidos com inteligência artificial, a nossa demanda por dados localizados fora dos nossos celulares, e por consequência em diversos desses datacenters cresce de maneira acelerada.

O consumo desses dados em tempo real, demanda que esses conteúdos estejam cada vez mais perto das pessoas. Um mundo completamente diferente de quando baixávamos os filmes primeiro para depois assistir.

Vamos simular um cenário onde um filme é lançado e se torna popular, fazendo com que muitas pessoas queiram assisti-lo ao mesmo tempo. Se este filme estiver no datacenter central da empresa de streaming de vídeo, podemos causar dois problemas:

  1. Se muitas pessoas ao redor do mundo quiserem ver o filme ao mesmo tempo, um datacenter só não dará conta e pode travar.

  2. As pessoas que conseguirem ver o filme podem fazer com que as redes de transmissão globais experimentem um congestionamento extra, pois um mesmo filme está sendo enviado para milhares de pessoas globalmente.

Por isso, esse tipo de conteúdo é replicado globalmente para estar mais perto das pessoas, distribuir a demanda de processamento e não onerar a rede onde não é necessário.

Este exemplo é ilustrativo, porque um filme só não tem o potencial de congestionar a internet. Mas, guardadas as devidas proporções, este simples ato de assistir a um conteúdo via streaming justifica a demanda por replicação global de conteúdo que necessita de mais datacenters perto de nós consumidores de conteúdo.

Tendências em Datacenter

Nos próximos artigos, vamos explorar mais a fundo como algumas das tendências abaixo influenciam na demanda por novos Datacenters – centros nervosos do mundo digital:

  • Crescimento do Edge Computing e Datacenter.

  • Regionalização de Conteúdo.

  • Sustentabilidade como imperativo.

  • Inteligência Artificial.

  • 5G e IoT.

  • Estruturas de Disaster Recovery e Resiliência.

Se a nuvem é onde ‘mora’ o digital, os datacenters são seus alicerces físicos. Em um mundo onde bits e bytes dominam cada vez mais nossas interações, esse tipo de infraestrutura física se torna ainda mais crítica. Compreender sua importância é fundamental para qualquer profissional, pois são os datacenters que garantem que nosso mundo digital continue funcionando 24×7, 365 dias por ano.

Afinal, quanto mais entendemos sobre Datacenters – essa infraestrutura cada vez mais crítica para o nosso dia-a-dia, melhor preparados estamos para os desafios tecnológicos do futuro.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional, tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira, trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

Artigos relacionados:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *