“Eu acho que…” é um início de frase raro, mas aparece bastante. Eu me policio para não usar esse tipo de abordagem na hora de opinar sobre algo. Na minha opinião, mesmo que inconscientemente, tira um pouco de credibilidade da análise.
Se geramos 2,5 quintilhões de bytes em dados todos os dias, não podemos ignorá-los em várias das decisões que tomamos. O “Achismo” não pode ter espaço no mundo corporativo. É aqui que eu vou tomar um puxão de orelha dos que defendem a intuição.
De fato, a capacidade de transformar esses dados em insights valiosos e relevantes para o negócio tem sido vista cada vez mais como um diferencial competitivo.
Mas o que significa realmente ser uma empresa data driven?
A Cultura Data-Driven
Ser data driven extrapola o usual: coletar dados e analisá-los nas melhores ferramentas do mercado. A grande virada de jogo aqui é uma profunda mudança organizacional de como se tomam decisões em todos os níveis hierárquicos da organização.
O ambiente em torno deve ser preparado para que as decisões sejam tomadas baseadas em dados e a intuição (hora de me redimir) é complementada – e não substituída por análises robustas.
Você sabia que empresas data driven têm 23 vezes mais chances de adquirir clientes? Isso é o que diz uma pesquisa da McKinsey. E ainda tem mais: estas mesmas organizações têm 19 vezes mais chances de permanecerem lucrativas e aproximadamente 7 vezes mais chances de reter consumidores.
Mas nem tudo são flores nessa jornada. Apenas 23,9% das empresas afirmam ter sucesso em uma jornada data driven segundo uma pesquisa da New Vantage Partners. Alguma justificativa para isso: Sim, a falta de uma transformação cultural mais profunda nas organizações.
Como implementar uma cultura Data-Driven?
Pensando nos fundamentos, temos alguns pilares, que bem implantados servem como alicerce para a construção dessa cultura:
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Dados de qualidade como base: é importante ter uma governança que traga dados das fontes adequadas e com acuracidade.
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Ferramentas analíticas adequadas: nem sempre a mais cara é a melhor. Cada negócio tem uma necessidade distinta e analisar as ferramentas disponíveis no mercado até chegar naquela que melhor atende os requisitos, é uma boa abordagem.
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Democratização de acesso aos dados: fazer com que os dados estejam acessíveis para todos os níveis da organização, permitindo que qualquer colaborador possa usá-los em tomadas de decisão.
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Processos bem definidos: a governança de dados volta a ser protagonista aqui. Ter claro como coletar, transmitir, refinar, analisar e armazenar dados é essencial para que decisões baseadas em informações” incompletas ou de baixa qualidade sejam tomadas.
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Mindset analítico da equipe: o pilar mais importante! Se a equipe não estiver orientada a dados, o output não serão decisões baseadas em dados. A mudança cultural e o incentivo desse mindset pelos stakeholders é talvez a parte mais importante dessa jornada.
Para implementar a cultura data-driven vejo que devemos seguir alguns passos que podem não ser diferentes de muitos outros projetos:
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Assessment da situação atual quanto à análise de dados;
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Definir KPIs que possam mensurar o progresso com clareza;
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Analisar e investir em ferramentas (adequadas – como falamos acima);
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Treinar as equipes;
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Repensar os processos para serem baseados em dados;
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Estabelecer um processo claro de governança de dados.
Boas práticas para cultivar essa Cultura Data-Driven
Last but not least, deixo aqui algumas dicas para apoiar nessa jornada:
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Vencer a resistência à mudança: diversas objeções aparecerão pelo caminho em variados níveis hierárquicos. Mostrar os benefícios e investir em capacitação podem ajudar a ultrapassar esses obstáculos;
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Qualidade dos dados: informações ruins levam a respostas ruins. Sem parecer redundante, é imperativo que toda a organização zele pela qualidade dos dados em diferentes etapas do projeto. Mais uma questão de mindset.
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Integração de sistemas: remover os silos de informações e promover a integração irá gerar dados mais robustos que digam com mais precisão o estado de algo. Unificar os repositórios de dados também é essencial.
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Privacidade e segurança: além de zelar pela segurança do ecossistema de tecnologia, levar em conta que dados de qualidade, consolidados e organizados podem atrair pessoas mal-intencionadas. Além disso, dados trazem informações privadas. Trabalhar com dados anonimizados ajuda a proteger a privacidade de pessoas e organizações.
E na sua empresa, como está a jornada Data-Driven? Compartilhe nos comentários suas experiências e desafios. Vamos trocar conhecimento! 📊🦜
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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