Não, não foi dessa vez que inventamos um sinal de rede celular colorido nem muito menos na tradução literal do termo acima, vamos colocar uma tampa vermelha nos devices 5G.
É inegável que o 5G, se usado em suas plenas capacidades, é o “canhão” mais potente que temos em termos de conectividade sem fio. São três as características do 5G que atestam toda essa robustez do padrão:
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Maior velocidade, podendo chegar até 10Gbps.
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Menor latência, ou atraso de pacotes, atingindo idealmente zero milissegundos.
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Super densidade de dispositivos conectados em uma mesma célula, ou área de cobertura de uma antena: até 1 milhão de dispositivos por quilômetro quadrado.
Mas será que todos os casos de uso que temos e que iremos ter, precisam usufruir de todos esses benefícios? Voltando ao poder do 5G, seria essa geração celular um canhão para matar um passarinho em alguns casos?
O que significa 5G RedCap?
De maneira muito simples, 5G RedCap significa 5G Reduced Capabilities. Outro nome para o 5G de Capacidade Reduzida é 5G NR-Light (NR = New Radio). Esse padrão surgiu no Release 17 do 3GPP em 2022.
Apesar do termo usado dar a impressão de que a aplicação seria em casos de uso com baixos requsitos, a aplicação do RedCap está focado nos intermediários.
Mas antes de entendermos o que seriam casos de uso intermediários vamos olhar para as características do RedCap frente ao 5G aplicado integralmente e algumas de seus antecessores.
Tecnologias 4G/5G – Fonte: Everything RF
Veja que no infográfico acima, cada uma das tecnologias do 4G (em azul-claro e escuro) e do 5G (verde e rosa), pendem ou para um lado ou outro, comprometendo o lado oposto. Nenhuma delas consegue entregar um equilíbrio de todas as características. Aí entra o 5G RedCap buscando entregar um pouco de cada uma das seis características usadas nessa comparação:
RedCap – Fonte: Everything RF
Mas e os casos de uso intermediários?
Boa pergunta e está na hora de falarmos deles. Para contextualizar melhor eu vou dividir esses casos de uso nos dois tipos de redes que podemos ter: redes públicas – sob responsabilidade das operadoras – e redes privativas – onde qualquer organização pode montar a sua rede.
E por que dividir assim? Devido à diferença de cobertura: enquanto em redes públicas estamos falando de dispositivos que podem ter mobilidade geográfica, em redes privativas a mobilidade fica restrita a área da rede construída com esse propósito.
Falando em casos que devem rodar em redes públicas, pode ser a vez dos dispositivos do tipo wearables ganharem mais opções, além de alguns modelos de relógios inteligentes. Monitores de saúde, podem ser a próxima fronteira a ser explorada pelo 5G. Essa afirmação me faz pensar em alguns casos de uso e aqui gostaria de destacar somente dois deles:
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Colar com botão de emergência: para que uma pessoa que o use possa acionar facilmente o botão em caso de queda, ou mal súbito. Pense como um dispositivo desses pode salvar a vida de um idoso que sofra uma queda e esteja longe de um telefone.
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Marcapasso: Será que iremos ver um marcapasso que envie em tempo real as informações para um cardiologista ou uma central de monitoramento?
Pensando nos casos de uso industrial, que terão seu uso muito concentrado em redes privativas, podemos pensar em uma infinidade de sensores que não requerem tanta largura de banda, porém gostariam de ter um consumo de bateria menor do que o normal:
Microfones, sensores de CO2, sensores de pressão, sensores de umidade, termômetros, câmeras, câmeras de vídeo, sensores de movimento, acelerômetros, scanners a laser, sensores de nível de fluido, sensores para inventário, medidor de tensão elétrica, medidor de corrente elétrica, atuadores entre outros.
Ou seja, o 5G RedCap pode ajudar a impulsionar as redes privativas em ambientes industriais, trazendo dispositivos com essa tecnologia embarcada em seus chipsets, proporcionando economia de bateria, com boa confiabilidade na entrega dos pacotes e uma importante economia de bateria. Alô Indústria 4.0!
O que vem por aí?
Mal tivemos a chegada do RedCap e já estamos falando em uma versão melhorada chamada eRedCap. Uma simplificação desse padrão pode levar a dispositivos ainda mais baratos, com menos consumo de energia e menor largura de banda, trazendo para o 5G aqueles casos de uso com uma baixa frequência de medição ou atuação:
Comparação 5G – Fonte: Counterpoint Research
O que achou do RedCap? Será ele o habilitador de soluções de IoT no 5G?
Publicado originalmente em mauroperiquito.com
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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