O Dilema do CIO: Make or Buy? Estratégias para Gestão de Talentos e Conhecimentos em TI.

É inevitável rebobinar um pouco a fita (nem comecei e já estou usando termos retrôs) quando falamos sobre a jornada evolutiva das áreas de TI nas organizações. Podemos dizer que elas passaram por três ciclos: de inexistente, para ser uma área de suporte até chegar a ser uma peça importante do negócio.

A Transformação Digital das organizações fez com que a tecnologia transcendesse as áreas de TI e que tornasse impossível a separação entre tecnologia e negócio. A estratégia digital da organização exige que o CIO e o seu time construam e mantenham um alicerce tecnológico para que a organização siga evoluindo.

Para gerenciar essa base, o CIO se depara constantemente com um dilema: expandir as equipes ou contratar parceiros externos que suportem essa estratégia. No artigo de hoje, vamos passar por esse dilema e também pela gestão de talento e conhecimento que pode tornar a TI mais ágil, eficiente e pronta para as constantes mudanças tecnológicas.

Gestão de Talentos é o novo papel do CIO?

Como vimos na introdução acima, é imperativo que o CIO transcenda a gestão do ecossistema de TI tradicional e tenha uma visão estratégica sobre outros pontos:

  • Velocidade de entrega vs. Qualidade – Não é incomum o negócio exigir que o lançamento de novos produtos ocorra em uma velocidade maior do que as equipes podem entregar. Fatores externos de time to market e a própria concorrência colocam pressão nos times o tempo todo. Portanto, em algum momento deverá se decidir quanto acelerar sem comprometer a qualidade da entrega.

  • Custos fixos vs variáveis – Enquanto equipes têm custos fixos e bem dimensionados, em infraestrutura de TI vivemos a era do “As a Service”com capacidades disponíveis para expansão com um apertar dos botões.

  • Conhecimento interno vs externo – Ponto-chave desse artigo! Enquanto os times internos detêm skills do negócio em suas “caixas de ferramentas”, recursos externos podem vir com especializações em tecnologias legadas ou mais recentes que podem resolver, por exemplo, um problema complexo, porém não recorrente.

  • Inovação vs estabilidade Operacional – Tema bastante interessante que já virou até um artigo. Convido vocês a ler o meu ponto de vista sobre esse assunto aqui.

Estes são alguns dos principais desafios que o CIO encontra ao se deparar com um novo projeto ou um problema a ser resolvido. É nesta hora que, equilibrando os pontos listados acima e tantos outros, o CIO toma a decisão de Construir (Make) ou Contratar (Buy).

Make: Quando desenvolver talentos internamente?

Quando falamos do conhecimento externo, mencionamos o conhecimento do negócio que pode ser estratégico e tem o seu valor. Podemos dizer que esses skills são parte das competências estratégicas de uma organização.

Desenvolvendo internamente, temos algumas vantagens a se levar em conta, como um maior controle sobre a qualidade, a retenção do conhecimento dentro da organização, o desenvolvimento de uma cultura organizacional e um inevitável comprometimento interno com os objetivos de longo prazo.

Buy: O momento de buscar parceiros internos.

Porém, existem momentos em que encontrar um parceiro externo pode ser o diferencial esperado em um projeto. Alguns cenários são ideais para se contar com um provedor de serviços:

  • Projetos com prazo determinado

  • Tecnologias emergentes e legadas

  • Picos de demanda

  • Necessidades pontuais de especialistas

Buscar recursos no mercado pode trazer times altamente treinados e com larga experiência prévia em soluções de nicho, a redução dos custos fixos e a transferência de riscos quando se decide contratar um provedor do mercado.

O sucesso na gestão do modelo de entrega de serviços de TI em uma organização não está necessariamente na escolha do modelo make or buy e sim na busca do equilíbrio e a estratégia de cada demanda que avança na esteira tecnológica da organização.

O CIO e seu time precisam atuar de maneira estratégica, extraindo o melhor de cada modelo para culminar no melhor modelo de atendimento que a organização demanda naquele momento.

Porém essa análise deve se manter constante, pois a gestão de talentos e conhecimentos internos não pode parar. Muito menos a relação com parceiros estratégicos do mercado que devem estar qualificados e prontos para prestar o serviço necessário no tempo requerido.

Todos esses fatores devem fazer parte de um ecossistema dinâmico que combine o melhor dos dois mundos: o profundo conhecimento do negócio pelas equipes internas e o aporte de conhecimento estratégico e altamente especializado do mercado.

Em um mundo onde a tecnologia e o negócio são inseparáveis, o sucesso da TI não está na escolha entre make or buy, mas na maestria de orquestrar ambos os modelos para criar um ecossistema de talentos dinâmico e resiliente.

Avalie sua estratégia de gestão de talentos em TI: Como você está equilibrando seus recursos internos e externos para maximizar o valor entregue ao negócio?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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