Do telégrafo à TV: os 100 primeiros anos das telecomunicações no Brasil

Meu 70º artigo!!! E me coloquei a pensar, como nas últimas 69 semanas, sobre o que vou escrever aqui. A rotina da escrita de artigos foi se adaptando ao longo desse tempo. No início demorava horas, divididas em vários dias para estudar e escrever algo.

Em algum momento, antes de encontrar a “batida perfeita”, me questionei se realmente era produtivo usar o tempo para produzir um artigo. Hoje posso dizer ser o meu momento preferido da semana. Por quê? Pelo desafio de escrever algo que tenha informação de valor para todos nós.

No meio do caminho, abriram-se duas novas portas: com o crescimento do meu engajamento por aqui, o LinkedIn liberou para mim a funcionalidade de newsletter e assim criei a Tech Talks: uma visão descomplicada sobre a tecnologia. No início veio o frio na barriga: será que as pessoas irão assinar e ler o meu conteúdo? 8500 assinantes depois eu afirmo que está valendo a pena.

Também empreendi fora das fronteiras dessa rede social que é tão presente na minha rotina: lancei meu site: mauroperiquito.com, onde venho armazenando semanalmente os artigos que publico aqui. Em resumo, tem sido uma aventura e tanto descobrir que criar e escrever é algo que me traz uma satisfação danada. A vocês que me acompanham por aqui, mais uma vez o meu MUITO OBRIGADO por compartilhar essa jornada de conhecimento.

Mas e os primeiros 100 anos das telecomunicações no Brasil do telégrafo à TV?

É verdade… Já celebrei alguns marcos aí em cima e essa reflexão a respeito dos artigos me levou a uma conclusão inesperada: escrevi vários artigos sobre os primeiros 100 anos das telecomunicações no Brasil de maneira não planejada e espontânea. Você acompanhou alguns deles? Vamos viajar por esse período então.

O Grande motivador para termos protagonismo nas comunicações no Brasil foi D. Pedro II. D. Ele o único monarca verdadeiramente brasileiro (D. Pedro I nasceu em Portugal). Você sabia que o nosso segundo imperador, além de poliglota, viajante, entusiasta das ciências, foi nosso também o nosso primeiro astrônomo, fotógrafo e, porque não dizer o primeiro brasileiro a usar equipamentos de comunicação no Brasil?

Tudo começou quando ele comprou equipamentos de telégrafo, inventados por Samuel Morse e ativados nos Estados Unidos em 1844. Por aqui, primeira linha foi inaugurada em 11 de maio de 1852 ligando o Palácio de São Cristóvão no Rio de Janeiro ao Quartel-general no Campo da Aclamação (Campo de Santana). A instalação do cabo de comunicação, que foi feita de maneira subterrânea, teve na obra o auxílio dos presos da Casa de Detenção.

Cabine de telégrafo, Morro do Castelo – Fonte: Biblioteca Nacional

O desenrolar dessa história pioneirismo está no artigo: Por que o telégrafo foi nossa primeira arma de guerra tecnológica?

Daí em diante o telégrafo ocupou um papel estratégico no império e depois na república. Outro marco interessante liderado por D. Pedro foi a implantação de um cabo submarino na Baía da Guanabara para conectar sua residência de verão em Petrópolis ao Rio – sede da corte.

Já em 1875, com um cabo lançado por uma empresa britânica, nos conectamos com Portugal e por consequência com o mundo: um marco na história das telecomunicações do Brasil.

Contei um pouco desses feitos no artigo: 13 cabos submarinos que conectam o Brasil com o Mundo: como estamos e quais são os planos de expansão?

A Guerra do Paraguai, iniciada em 1865, foi um grande motivador para a expansão telegráfica no Brasil. 10 mil km de cabos foram construídos ligando a capital do império ao norte, sul, o front da guerra e até outros países.

Com o fim do império e início da república, a necessidade de conectar rincões do país era estratégica. Surge aí Marechal Cândido Rondon, um mato-grossense que percorreu toda a região norte do país em expedições exploratórias e de instalação de linhas telegráficas.

Os feitos de Rondon, culminaram na sua proclamação como o pai das telecomunicações brasileiras e seu aniversário, 5 de maio, foi instituído como o Dia Nacional das Telecomunicações.

Mal. Cândido Rondon homenageado na nota de 1000 Cruzeiros – Fonte: Banco Central

Esse período de consolidação e expansão do telégrafo descrevi no artigo: Por que Marechal Rondon é o Pai das Telecomunicações Brasileiras?

Ainda no império tivemos outro marco importantíssimo: o Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefones fixos. D. Pedro II formou uma improvável amizade com Alexander Graham Bell e além de trazer o telefone para o Brasil em 1877, também se tornou acionista da Bell Company.

D. Pedro e Graham Bell durante a apresentação do telefone na Philadelphia Centennial Fair em 1876. Fonte: Amazon

Essa história e a famosa frase de D. Pedro II ao conhecer o telefone estão no artigo: Como o Brasil foi o segundo país do mundo a instalar telefones?

Na virada do século tivemos o privilégio de ter outro grande brasileiro se destacando nas telecomunicações: Pe. Landell de Moura. Embora esteja cercada de muita polêmica a atribuição a ele da invenção do rádio, ele foi a primeira pessoa a transmitir voz sem fio, em 1900.

Tumba de Pe. Landell na Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Porto Alegre – Fonte: Wikipedia

Certamente esse foi o artigo que eu mais tive o prazer de escrever sobre a história das telecomunicações no Brasil: Foi um padre brasileiro o inventor do rádio?

Um capítulo curioso na história do Brasil se deu em 1931. Foi no 12 de outubro desse ano, que Marconi com o Papa desde Roma, apertou um botão que iluminou o Cristo Redentor em sua inauguração do outro lado do oceano aqui no Rio de Janeiro.

Representação gráfica da iluminação do Cristo Redentor – Fonte: mundo oculto

Retratei um pouco da história de Marconi e esse feito no artigo: Qual a relação entre a invenção do rádio e o Cristo Redentor?

Depois disso tivemos ainda a expansão da telefonia Brasil afora, as conexões interurbanas e a criação da Companhia Telefônica Brasileira, consolidando várias empresas que existiam. Em paralelo, o rádio já começava a ocupar o posto de veículo de notícias mais importante do país e do mundo. Mais adiante, em 1950 completamos esses 100 anos com a chegada da TV no Brasil. Capítulos da história que pretendo contar em breve.

Uma coisa é certa: o entusiasmo que tenho por contar essas histórias, prendeu a minha atenção e ganhou capítulos interessantes nesses 70 artigos que produzi e publiquei por aqui. Será que isso dá um livro?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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