Peço novamente licença para os assíduos leitores de tecnologia aqui do Tech Talks para falar novamente de uma das minhas grandes paixões na vida: o ciclismo.
Esse assunto ocupa uma pequena parte dos meus conteúdos aqui no LinkedIn, porque afinal de contas, certamente pedalo semanalmente muito mais tempo do que ando a pé.
Durante as últimas férias terminei a minha preparação para uma viagem de bike em uma semana e na seguinte saí para essa jornada. Uma cicloviagem é um momento de muita introspecção e reflexões.
Em um desses momentos, comecei a fazer um paralelo de como uma cicloviagem se parece com um projeto. Hoje, gostaria de trazer esses pensamentos em forma de artigo por aqui.
Mas antes, por que você fala tanto de bike?
Costumo dizer que quase aprendi a andar e pedalar ao mesmo tempo. A minha primeira bike, que tive por pouco tempo, foi uma Monark Monareta Mirim vermelha usada. Com ela aprendi a andar sem rodinhas e ganhei várias marcas de ralados nas pernas e braços. Por sorte não tive nenhum acidente grave, pois nos anos 80, capacetes de bicicleta eram uma realidade inexistente.
Monark Monareta Mirim – Fonte: pedal.com.br
Logo passei para uma Caloi Cross Free Color e uns bons anos depois uma MTB Caloi Aspen Sport Super, ainda com garfo rígido – no início dos anos 90 quase não existiam bikes com suspensão. No total tive 7 bikes em 40 anos, sendo que as últimas 5 eu ainda tenho: as duas mais antigas guardadas e as 3 mais novas em operação diária.
As minhas 4 bikes mais novas têm nome: Josefina, Jovelina, Clara Nunes e D. Ivone Lara – 3 delas são homenagens a cantoras de samba. A próxima certamente irá se chamar Beth Carvalho.
Confesso que não gosto muito de bikes de estrada. Como fui criado no interior, meu gosto está mais relacionado à terra.
Ok, mas o que os projetos têm a ver com o cicloturismo?
A resposta é TUDO! Porém, antes de começar a correlacionar as duas atividades vou definir aqui o que é cicloturismo:
O cicloturismo é uma forma de turismo que consiste em viajar utilizando como meio de transporte uma bicicleta. É uma maneira muito saudável, econômica e ecológica de se fazer turismo. O tipo de bicicleta utilizada para uma viagem, deve ser além de confortável, forte e em bom estado, deve permitir que se percorra qualquer tipo de piso, ou seja, asfalto e terra. (Wikipedia).
Uma cicloviagem requer tanto planejamento que se parece muito com um projeto. Além do destino final a ser alcançado (conclusão), é necessário planejar cada um dos dias (fases / entregáveis).
2023 vs 2019: a última e a primeira cicloviagem – Fonte: Acervo Pessoal
Um aspecto que me fascina no ciclismo é a quantidade de equipamentos que esse esporte demanda. Além da bicicleta em si e suas peças, ainda estão todo o material para transporte, vestuário, ferramentas, peças de reposição e alimentação. A preparação de tudo isso é uma de muita análise e ajuste – eu ouvi alguém lembrar das fases de iniciação e planejamento?
Falando em fases de um projeto, vejam só quantas palavras relacionadas a uma aventura de cicloturismo podemos achar nesse quadro que compara as mudanças entre a sexta versão do PMBOK e a sétima e última versão:
Quandro comparativo Sexta e Sétima edições PMBOK – Fonte: PMI
Veja algumas palavras-chave que aparecem no padrão de gerenciamento e no guia de conhecimento em gerenciamento de projetos, podem perfeitamente se encaixar na realidade de uma cicloviagem:
- Tailoring
- Complexidade
- Risco
- Adaptabilidade e Resiliência
- Equipe
- Medição
- Incerteza
- Sistema de entrega de valor
De todas elas, a que eu mais gosto em ambas as situações: um projeto ou uma viagem de cicloturismo é o Sistema de Entrega de Valor. O resultado de ambos tem que ter algum valor.
Se em um projeto valor pode significar um novo produto / processo ou até o aprimoramento da produtividade, quando falamos de cicloturismo, para mim, o valor é a experiência vivida durante a jornada, as pessoas que conhecemos pelo caminho e saber um pouco mais sobre as suas experiências de vida.
É também a alegria na superação de uma meta como, por exemplo, pedalar 320 km em 5 dias por estradas de terra e serras que somam 8000 metros de altimetria. Essa rota é chamada de Caminho da Fé, uma rota de peregrinação no Brasil entre os estados de SP e MG, e que completa 20 anos agora em 2023.
Em alguma subida da Serra do Caçador em Estiva-MG – Fonte: Bikers Rio Pardo
Fiz parte dessa jornada que foi cumprida domingo por 21 estranhos que no final se tornaram grandes amigos e para terminar esse artigo deixo aqui uma homenagem a esses guerreiros:
Os guerreiros e o nosso destino final: a Casa da Mãe – Fonte: Bikers Rio Pardo
E para você, faz sentido comparar os projetos e as cicloviagens? Compartilhe o seu ponto de vista nos comentários!
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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