“Mande um sinal de fumaça!” essa frase popular que hoje significa um pedido de notícias entre duas pessoas, remete aos primórdios da comunicação a distância. Na América, China Antiga e na Austrália, os sinais de fumaça foram usados como meio de comunicação por muitos séculos.
Já na Grécia Antiga, inventaram o telégrafo hidráulico para agilizar a comunicação feita por fogo e faróis. A Maratona foi criada a partir de uma notícia que “correu” de uma cidade a outra. Já no século XIX tivemos a invenção do telégrafo, do telefone e logo veio o rádio, a TV, o celular e a internet.
Mas um fato é comum a todas essas fases da comunicação humana: a curiosidade dos outros em relação à informação transmitida. Ao longo da história tivemos diversas maneiras de confundir a escuta. Códigos foram criados e até idiomas desconhecidos foram usados como, por exemplo, a história dos índios navajos na comunicação via rádio da Segunda Guerra Mundial.
A criptografia que se apresentou de diversas maneiras evoluiu com a transmissão digital de dados. Chaves de criptografia e algoritmos vem se tornando cada vez mais complexos, sempre um passo à frente capacidade computacional disponível. Desta maneira, quebrar um método de criptografia robusta pode levar alguns milhões de anos.
Tudo ía bem até surgir a tal da computação quântica. Com velocidades de processamento jamais vistas, a criptografia como conhecemos pode estar em cheque. Bora entender o que muda nessa história?
O que é a computação quântica?
A computação tradicional utiliza-se de sequências de bits para definir, processar e armazenar informações. Esses bits podem assumir dois estados: 0 ou 1. Essas sequências binárias são processadas de maneira enfileirada. Isso permite que os algoritmos mais recentes com chaves de criptografia mais longas sejam, em tese, mais seguros.
Mas daí veio a computação quântica para acelerar essa história. Se antes falávamos de bits, agora eles são chamados de qubits. Diferente dos bits que tinham um sistema binário, ou seja, só poderiam ser 0 ou 1, os qubits podem assumir os dois estados simultaneamente. Além dessa superposição, existe o entrelaçamento onde um qubit pode influenciar o estado de outro mesmo que distante. Bagunçou a sua cabeça? A minha também…
O fato é que com toda essa mecânica quântica, a velocidade de cálculos e processamento de informações pode ser exponencialmente maior do que temos acesso hoje.
Mas o que isso tem a ver com a criptografia?
Tudo a ver! Com uma maior capacidade de processamento, a computação quântica pode quebrar algoritmos e chaves de criptografia, que atualmente levam milhões de anos, podem reduzir a um tempo possível.
Este novo patamar de processamento coloca em cheque todos os padrões de criptografia existentes. Ao pensar nessa situação, me lembrei da era analógica da telefonia celular. Ainda na faculdade, conseguíamos escutar as chamadas em curso apenas sintonizando a frequência correta. Trazendo para o assunto do artigo, é como se quem tivesse um computador quântico conseguisse desencriptar qualquer informação existente.
O fato é que a computação quântica traz um enorme risco para a proteção e privacidade de dados. Mas temos boas notícias sobre o tema. A primeira, que exige uma certa atenção, é que a computação quântica ainda está em fase de testes e uma máquina dessas pode custar 100 milhões de dólares.
A segunda notícia é que a criptografia quântica também está em desenvolvimento e já conta com alguns algoritmos criados e em desenvolvimento. Com a criptografia evoluindo em paralelo, temos um horizonte de mais robustez no futuro da criptografia, conseguindo manter a integridade dos dados a salvo.
Você conhecia os desafios de segurança da computação quântica?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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