A rampa de inovação que a tecnologia tem nos proporcionado é cada vez mais inclinada e veloz. Os saltos de produtividade e os novos modelos de negócio que ela nos proporciona mudaram radicalmente a maneira como consumimos produtos e serviços, e por consequência toda a cadeia produtiva – o que nós podemos chamar de trabalho.
Depois de muitos anos de reflexões e jornada, percebo que tenho algo que é nato e, porque não dizer, passado de geração em geração que é a curiosidade de ouvir e buscar soluções para problemas de outras pessoas.
Por isso valorizo tanto os momentos de contato com os clientes e neles vejo duas oportunidades muito valiosas para mim. Entender como podemos ajudá-los a resolver seus problemas de negócios é o mais importante, porque nos dá oportunidade de propor soluções e manter a roda girando, porque afinal de contas a relação de negócios entre as empresas é o que mantém a roda girando dos dois lados.
Mas tem outra parte que eu também gosto muito e tem a ver com o meu perfil de analista de mercado. Correlacionar desafios de diversas organizações me permite entender no desenvolvimento tecnológico dos clientes se temos algumas questões semelhantes.
Nas minhas reflexões eu pensei em relacionar a importância da tecnologia com um ciclo temporal. Bora ver o resultado disso?
Amanhã, Hoje e Ontem
É muito mais atrativo para uma organização falar do amanhã. Em tecnologia então nem se fala. Eu mesmo puxo esse fio por aqui na maioria dos dias: soluções inovadoras que prometem endereçar diversas dores que temos no dia a dia não faltam.
Vejam só a discussão que temos colocado com frequência sobre os limites da Inteligência Artificial, e as possibilidades de Realidade Mista (XR) e Computação Quântica. Isso é o futuro e realmente precisamos aprender sobre esses e outros temas degustando e implantando soluções que façam sentido para cada área de negócio ou organização.
Como o “Amanhã” é a parte mais interessante, as organizações e seus colaboradores engajam com facilidade nessas discussões e jornadas. Mas o meu ponto aqui é chamar a atenção para o Hoje e o Ontem.
A minha definição do hoje é cuidar das questões iminentes e do coração da operação de uma organização. As questões de segurança e conectividade são um exemplo disso: queremos conectar tudo que está a nossa volta (olá Indústria 4.0!), mas nem sempre estamos preparados para fazer isso com segurança e capacidade de transporte de informações. Se podemos ter a certeza de que um dia sofreremos uma tentativa de ataque cibernético, a resiliência – maneira como iremos nos recuperar dele também tem que ser cuidada.
Ainda falando de conectividade e deixando a produção de lado, temos outro desafio em conectar os workloads espalhados em clouds públicas, privadas, datacenters externos e próprios. Este certamente é um ponto que merece atenção de arquitetura. Não é só de VPN que vive o mundo…
Falando de cloud e ainda no hoje, a discussão de qual workload funciona melhor em cada ambiente, deve ser uma análise constante. Como não existe one size fits all, cuidado que as propagandas de hoje podem virar faturas astronômicas amanhã (FINOPS, dá um pulo aqui por favor?).
Mas também tem o Ontem. Ah, vamos falar do passado? SIM!
Passado: É o futuro, usado. (Millôr Fernandes)
Essa frase acima é ótima e vale muito para o nosso contexto de tecnologia. Aquilo que no Ontem já chamamos de Amanhã, pode estar usado ao ponto de ser substituído ou talvez ainda deva ser preservado.
Nas minhas andanças pelos clientes, posso dizer para vocês que as organizações que tem pessoas dedicadas para cuidar do Ontem, ou Legado, são aquelas que tem tido mais sucesso nas suas operações de tecnologia. Pode parecer óbvio que tudo aquilo que damos foco tem mais chances de ser resolvido, mas tem muita gente boa por aí pensando que se funciona, para que devo mudar?
Outro dia ouvi uma frase de um programador de uma linguagem antiga, cujo nome não irei dizer para evitar a fadiga, que precisávamos deixar de usar tal programa para que ele pudesse aposentar.
Sistemas e equipamentos legados, apesar de muito robustos, sofrem com a falta de profissionais para sustentá-los, fim do suporte de fabricantes, ausência ou perda da documentação sobre eles e o crescente aumento de exposição a novas vulnerabilidades que sequer eram imaginadas no tempo de suas criações.
Escrevi um artigo sobre legado que pode ajudar no entendimento dos desafios que o Ontem nos traz: Será que o Legado de TI é algo que realmente queremos deixar?
O risco da longevidade desses sistemas é a importância deles para o negócio e o impacto de suas paradas. Portanto, a evolução dos mesmos deve estar em constante análise pelas equipes de TI antes que o pior aconteça.
A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente. (Albert Einstein)
E por aí: como anda a Temporalidade da sua Área de Tecnologia?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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