A encruzilhada do CIO: eficiência operacional ou disrupção tecnológica?

Tradicionalmente no segundo semestre temos uma maior concentração de eventos de tecnologia no Brasil e fora também temos alguns bem interessantes. Sejam eles feiras setoriais, eventos de empresas de consultoria ou de algum dos big techs, tem para todos os gostos.

Os CIOs e seus times se dividem para conquistar e circulam entre todos eles. Recebem verdadeiras overdoses de conhecimento, benchmarks de adoção de soluções e muito networking.

O retorno desses eventos é sempre muito animado. Chegamos cheios de energia, ideias tecnológicas e contatos. Mas no instante seguinte nos deparamos com a realidade: um ecossistema tradicional, muitas vezes recheado de legado e que qualquer investimento é visto como custo, até o ingresso do evento que acabou de assistir.

Mas calma gente… Como diz aquele antigo ditado: “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”!

Bora ver como o CIO é o fiel dessa balança?

O Grande Paradoxo do CIO

A ambidestria do CIO moderno faz com que ele tenha que assumir papéis no “mar” e na “terra” o tempo todo. Se por um lado ele é o líder da inovação, por outro ele também não pode esquecer que é o guardião da infraestrutura tecnológica de uma organização.

Ao mesmo tempo que ele atua como evangelizador, levando o letramento digital de novas tecnologias para cada uma das áreas do negócio, ele também deve ser detentor das competências necessárias para manter aplicações e infraestrutura “up and running”, sejam elas atuais ou já tenham um certo tempo de mercado.

A Dualidade Operacional vs. Disruptiva

Eficiência Operacional

Cuidar da Operação é muito mais que deixar manter a estabilidade da infraestrutura prezando pela continuidade do negócio. Existe uma boa camada de qualidade dos serviços prestados aos usuários pautados por processos e governança, incluindo a gestão de fornecedores e o famoso orçamento.

Disrupção Tecnológica

No campo da Inovação, é preciso experimentar, testar, ser ágil tanto quando acertar quando errar. Degustar tecnologias como IA, IoT, 5G, Blockchain e até Computação Quântica. Todas essas provas podem e devem culminar em novos produtos e modelos de negócio. Plataformas digitais, orientadas a dados e com APIs para todos os lados, ou interfaces, conectado com todo o entorno.

Como equilibrar essa balança?

O primeiro passo neste sentido é a concepção do ecossistema que, ao mesmo tempo, seja confiável e pronto par a inovação. Neste sentido devemos considerar uma Arquitetura Bimodal que ao olhar para a eficiência operacional, ela é focada em confiabilidade e eficiência, possui processos muito bem definidos e tem um bom processo de gestão de mudanças.

Já pelo lado da inovação, a dinâmica gira em torno de sistemas experimentais e ágeis que proporcionem um ambiente de testes o mais fidedigno possível à produção. A Agilidade é chave, pois se uma inovação não escala, ela rapidamente deve dar lugar a outra iniciativa.

O orçamento também é motivo de preocupação, pois ele deve ser construído para atender os anseios tanto da operação quanto da inovação. Mas aqui tem uma variável intermediária que também deve ser levada em conta: as melhorias incrementais no ambiente atual.

Para isto ocorrer de maneira equilibrada, recomendo dividir o orçamento em 70% para Run, 20% Grow e 10% Transform. Não se esqueça que o orçamento deve considerar, além dos investimentos, os custos de pessoal.

Não existe sucesso sem um KPI!

Medir o progresso é chave para entender se estamos no caminho planejado. E como os demais tópicos deste artigo, temos KPIs para as duas abordagens:

Indicadores de Eficiência

  • Disponibilidade de sistemas

  • Tempo médio entre falhas

  • Tempo médio para restauração

  • Incidentes por servidor

  • Cumprimento do orçamento

  • Satisfação dos usuários

Indicadores de Inovação

  • Número de iniciativas disruptivas

  • Taxa de adoção de novas tecnologias

  • ROI de projetos inovadores

  • Time-to-market de produtos digitais

  • Satisfação dos clientes

O papel do CIO moderno é desafiador, mas extremamente estratégico para o sucesso das organizações. Equilibrar a eficiência operacional com a inovação disruptiva não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para a sobrevivência no mercado atual.

Enquanto você absorve as novidades dos eventos de tecnologia e sonha com as possibilidades do futuro, não se esqueça de manter os pés no chão – mas também não deixe que o peso do legado impeça seus voos mais altos. Que tal começar hoje mesmo?

Faça um diagnóstico sincero do seu ambiente: quanto do seu tempo e recursos está realmente dedicado à inovação?

CIO, o futuro aguarda sua liderança!

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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