Como transformar lacunas em oportunidades nos projetos de Indústria 4.0?

As promessas de uma iniciativa de Indústria 4.0 enchem os olhos de muitos: coletar e correlacionar dados do chão de fábrica para gerar poderosos insights que aumentem a produtividade ou a eficiência operacional com uma boa dose de inovação.

Quando olhamos para este tipo de projetos, que podem ter escopos semelhantes também no Agro e em Utilities, temos falado das mesmas coisas: IoT, 5G e Inteligência Artificial.

Essas palavras nos remetem aos extremos de um programa de Indústria 4.0: a ponta onde estão os sensores e atuadores, ensaiando se beneficiar do 5G para transportar os fluxos de dados e no outro extremo as ferramentas de análise de dados e gestão do parque fabril.

Entre essas duas pontas está um conjunto de oportunidades pouco exploradas: a otimização da Infraestrutura de Tecnologia, que serve como espinha dorsal para essas tecnologias avançadas.

Bora entender como podemos aproveitar essas oportunidades?

Identificando as oportunidades

É bastante compreensível o entusiasmo em torno de dispositivos inteligentes e os poderosos engines de análise de dados. Afinal de contas, temos falado muito nas buzz words que definem essas soluções, o que acaba alçando-as a “heróis” da transformação digital.

Por outro lado, são elas que nos brindam com insights valiosos e que até então eram bem complexos ou impossíveis de se obter e uma capacidade de automação muito avançada.

Mas, é entre o Céu (IA) e a Terra (IoT), existe um extenso ecossistema de TI, que quando projetado, implantado e gerenciado seguindo as melhores práticas, pode se tornar um importante diferencial competitivo. Um exemplo dessa arquitetura pode ser visto no padrão ISA 95:

Modelo ISA95

Este padrão estabelece uma arquitetura para troca de informações de maneira segura entre o chão de fábrica e as aplicações industriais, e o negócio com as suas aplicações de planejamento e controle – que podem estar em um Datacenter ou até em Cloud Pública.

Notem que no diagrama existem diversas camadas de rede segmentadas. Também deve haver cuidado com controle de acesso, atualização de software e patches, backup, soluções de cibersegurança e resiliência para se recuperar de ataques.

Como para capitalizar estas oportunidades?

A virada de jogo consiste em transformar estas lacunas em vantagem competitiva. Veja algumas estratégias que podemos considerar:

  1. Abordagem Holística: Envolver o time de TI desde o início de um programa de Indústria 4.0 pode fazer com que a Infraestrutura de tecnologia não seja vista como um elemento de suporte e sim parte essencial do projeto. Neste ponto um Business Partner de TI como falamos neste artigo pode desempenhar um papel essencial.

  2. Flexibilidade: Soluções baseadas em nuvem ou híbridas podem fazer com que sua esteira de projetos industriais seja mais ágil ao ter facilidade de se adaptar às mudanças do mercado.

  3. Cibersegurança: Investir em Segurança é regra de ouro aqui. Gosto de dizer que essas iniciativas não podem se limitar a projetos e sim fazerem parte de programas contínuos. Esta segurança pode ser um diferencial competitivo a ser valorizado pelos clientes.

  4. Interoperabilidade: Se vincular a um ou poucos fabricantes pode criar futuros bloqueios de saída e evolução e limitar a inovação. Aproveitar o que cada solução pode fazer de melhor pela sua infraestrutura será muito mais vantajoso. Contar com parceiros que possam te guiar nessa jornada é essencial!

  5. Mudança cultural: Apesar de ter suas similaridades com a abordagem holística, o novo pode levantar muitas incertezas nas equipes. Medo de perder o emprego e a desconfiança sobre as capacidades da tecnologia podem surgir como questionamentos. Esteja preparado para discutir os benefícios e riscos com as demais partes interessadas.

  6. Desenvolva talentos: Soluções como essas exigirão skills específicos que podem e devem ser desenvolvidos internamente. Certamente eles agirão como advogados da tecnologia e contribuirão em diversos dos pontos levantados acima.

A transformação da lacuna de uma infraestrutura de tecnologia não otimizada para a Indústria 4.0 significa uma chance única para andar na frente da concorrência.

A equação de sucesso inclui uma abordagem holística que englobe os dispositivos de IoT, o 5G e a Inteligência Artificial com suas avançadas ferramentas analíticas e uma infraestrutura de tecnologia, robusta, resiliente e flexível. Este resultado pode levar a patamares inimagináveis que, a partir de ecossistemas digitais, podem impulsionar a inovação.

A mensagem é clara: a Infraestrutura de Tecnologia não pode ser considerada como apenas um alicerce para iniciativas de Indústria 4.0. Ela é um campo de batalha onde nós do ecossistema de inovação conquistaremos as almejadas vantagens competitivas.

As organizações que reconhecerem essa missão estarão colhendo frutos e liderando a revolução industrial digital!

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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