Estou completando agora em julho um ano que estou em Dubai trabalhando em projetos de transformação digital para o mercado de saneamento no Oriente Médio. Até então o extremo mais à oeste que eu tinha conhecido do planeta era a Europa. Passado esse ano, posso dizer que muitos dos meus conceitos sobre o Oriente Médio, a religião, seu povo e costumes mudaram bastante.
Mas antes, um pouco de história…
Dubai é um dos 7 emirados que juntos formam os Emirados Árabes Unidos. Dia 2 de dezembro de 2021, completará 50 anos de sua independência do domínio britânico e formação do país.
Mapa dos Emirados Árabes Unidos – Fonte: Wikipedia
A independência veio uma década depois da descoberta de petróleo em Abu Dhabi, que mudou radicalmente o futuro dos emirados e dos países do golfo. A população saltou de 100 mil em 1960 para cerca de 10 milhões no ano passado.
Cerca de 70% da população é do sexo masculino, e esse desequilíbrio é em partes explicado pelo boom de crescimento demanadando uma grande quantidade de trabalhadores da construção civil.
O que vi e aprendi nesse último ano?
1 – A retomada das viagens está sendo bem gradual e cercada de muitos cuidados.
19/-07/2020 – Olhem só o movimento do aeroporto de Frankfurt que fiz escala rumo a Dubai pois naquela época não tinham voos diretos por restrições da pandemia:
Aeroporto de Frankfurt – Fonte: Acervo Pessoal
Nessas viagens vi e passei por todo tipo de situação: inúmeros exames PCR (já foram 13 e contando), pessoas totalmente vestidas para evitar contágio, protocolos rígidos que vêm e vão, e por aí vai… O que posso dizer é que me senti muito seguro em todas as ocasiões que viajei.
Outubro 2020 – Aeroporto de Dubai – Fonte: Acervo Pessoal
2 – A palavra de ordem por aqui é tolerância
Mesmo com 70% das pessoas declarando-se de religião islâmica, há um senso de respeito entre todos muito presente nas ações do dia a dia. Além das mesquitas, que estão por toda parte, há igrejas católicas, e templos budistas, hindus e de outras religiões também.
Uma das muitas mesquitas em Dubai – Fonte: Acervo Pessoal
Decoração de Natal em Downtown Dubai – Fonte: Acervo Pessoal
3 – 85% da água consumida vem do mar
Água doce é um recurso escasso por aqui portanto a maioria da água consumida é produzida por plantas dessalinizadoras como essa abaixo. Esse processo demanda muita energia elétrica, o que encarece o custo e, portanto, aumenta a consciência no uso correto desse recurso.
Planta de dessalinização operada pela SUEZ em Barka – Omã – Fonte: SUEZ
E os outros 15% de água, de onde vêm? Há reservatórios que captam água da chuva na região montanhosa dos Emirados (Ras Al Khaiman) e também usinas que captam água da umidade do ar:
Fonte: Source Inc.
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4 – Ninguém sai do escritório para almoçar
Estamos acostumados a almoçar durante o horário de trabalho no Brasil de 3 maneiras: no refeitório – quando há um, em restaurantes próximos ou muitas vezes em casa dependendo da proximidade.
Por aqui acontece algo diferente. Normalmente as pessoas trazem a comida de casa ou pedem delivery diariamente. As salas de reunião são transformadas em salas de almoço. É interessante que há uma etiqueta corporativa subentendida onde entre 12 e 14 h há menos reuniões em salas de reunião.
Fonte: Bayout
5 – Não faz calor o ano todo
Sempre imaginei que aqui fosse calor o tempo todo. Mas não é bem assim… Inverno realmente não existe. Então podemos dividir o ano em duas estações:
Muito quente: de junho a setembro. No verão com a alta humidade, e as temperaturas na casa dos 45 graus a sensação térmica varia entre 40 e 55 graus. Durante essa época de dia é raro ver gente na rua e quem se aventura não fica mais que 5 minutos. É o famoso pular de ar em ar condicionado. À noite, ainda muito quente mas suportável, tem mais movimento. E aqui por lei durante esses meses é proibido trabalhar de 10 às 15hs em atividades externas.
Quente: de outubro a maio. A temperatura nessa época é muito agradável. Conforme o mês varia de 18 a 28 graus. Durante esse período, a vida outdoor fica muito intensa. Todos estão na rua praticando esporte, enchendo as varandas dos cafés e por ser uma cidade litorânea, enchem as praias e os esportes náuticos são muito praticados.
Aproveitei essa época para pedalar e andar pela cidade.
Em um dia de novembro de 2020, saí de casa 3 da manhã e pedalei 200 km pela cidade.
200 km de bike – Fonte: Acervo Pessoal
Uma semana depois tivemos o desafio da SUEZ Walk for the Environment. A soma dos passos de todos que participaram ajudou a arrecadar fundos para a limpeza de praias coordenado pela Fondation Rescue Ocean.
Walking Challenge – Fonte: Acervo Pessoal
6 – Dubai é uma torre de babel moderna
Há pessoas de mais de 200 nacionalidades vivendo por aqui sendo os indianos a maioria. Logo em seguida, também com presença considerável vem os Paquistaneses, Bengalis (Bangladesh), e Filipinos.
7 – Dubai é uma cidade amiga da bicicleta
Atualmente são 463 km de ciclovias espalhados por toda a cidade. O plano é chegar a 750 km até 2026. Tenho a sorte de ter uma delas passando na calçada do meu prédio e consigo ir tanto no sentido deserto quanto à praia por esses caminhos.
Ciclovia de Al Qudra – Fonte: Acervo Pessoal
8 – Dubai não é apenas a terra dos arranha-céus
Dubai detém 8 récordes mundiais quando se fala em maiores coisas do mundo:
- Edifício mais alto.
- A escultura de chocolate mais alta.
- O maior kebab.
- A pintura mais longa.
- O maior parque temático coberto.
- A corrente de ouro mais longa.
- O maior mosaico de origami.
- O maior shopping center.
9 – O silêncio impera no escritório
No Brasil e em outros países que trabalhei, a agitação das pessoas e aquele barulho normal de ambiente corporativo sempre foram parte da minha rotina no escritório. Por aqui experimentei algo diferente: as pessoas trabalham em silêncio quase absoluto. Sorte a minha que consegui uma sala perto do café, onde sempre tem movimento.
Vista do escritório para Downtown Dubai – Fonte: Acervo Pessoal
Estou fechando esse ciclo de um ano em Dubai e a partir de agosto rumo a um novo país, para uma fase dos projetos mais focada em execução. Vem muita coisa boa por aí e trarei aqui mais detalhes sobre transformação digital e soluções para saneamento.
Bônus, para montar o Lego Architecture – Dubai, tive uma ajuda muito especial da minha filha Melissa em uma das minhas idas para o Brasil. Ela adora as histórias sobre os arranha-céus daqui e gosta de desenhá-los copiando as fotos que vê:
Montando o LEGO Dubai – Fonte: Acervo Pessoal
Você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre Dubai?
Me pergunte nos comentários ou me mande um inbox.
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor,palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos incluindo o cicloturismo.
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