Começou o ano! Assim dizem aqui no nosso país do carnaval, não é verdade? A quinta-feira que sucede à quarta-feira de cinzas recebe a alcunha de primeiro dia útil do ano. Pós-festas, férias de verão e carnaval é um fenômeno parecido com o início de setembro nos países do hemisfério norte.
E pensando em organizar a casa, também é hora de pensar no orçamento. Com um início de ano extremamente volátil nas bolsas e com a cotação do dólar, é hora de ajustar os cintos para seguir adiante.
Nesse artigo, queria deixar alguns dos meus pensamentos de como mudar a maneira de como cuidamos do orçamento das áreas de tecnologia das organizações.
Partindo do pressuposto que a área de tecnologia já tem o básico: um bom inventário de hardware e software somados as prioridades do negócio, listo aqui alguns tópicos que podem ajudar no cálculo desse orçamento.
1) Cuidar do Legado
Muitas vezes otimizar o orçamento pode significar usar alguns produtos por mais tempo do que o planejado inicialmente. As maiores preocupações que vejo com soluções legadas são a possibilidade de receberem atualizações para corrigir bugs ou vulnerabilidades. Portanto, ter os equipamentos e sistemas aptos a receber atualizações é essencial para alongar o ciclo de vida dos equipamentos.
Cuidar do legado para alongar seu tempo de vida – Fonte: Tech Quark
Lembre-se que empresas com acionistas no seu quadro societário, devem manter tudo rigorosamente atualizado para evitar cair em auditorias de risco e compliance.
2) Rever topologias e conectividade
Certa vez presenciei uma situação onde o cliente usava uma nuvem pública como hub para toda a sua rede. Nem preciso falar dos gastos astronômicos que tinha somente pelo fluxo de dados.
Outra questão é, com o barateamento dos links e o aumento da resiliência dos sistemas de transmissão, avaliar o que realmente precisa de um link altamente redundante e o que pode trafegar por um link de banda larga. Soluções como SD-WAN podem ajudar sempre que não vinculadas a uma só operadora.
3) Rever a estrutura organizacional das equipes
“Make or buy” é uma questão que muitos gestores de TI se deparam na sua rotina. Com as empresas de outsourcing de TI apresentando ao mercado um catálogo de serviços cada vez mais abrangente, será que não é hora de terceirizar algum serviço que antes não fazia sentido?
Vejo muitos casos onde o profissional dentro de casa, que atua em um tema técnico específico, está parcialmente ocioso ou executa tarefas de outra área, ou administrativas para preencher a sua rotina de trabalho. Avaliar se não é a hora de terceirizar para a empresa de outsourcing consiga entregar o mesmo serviço, alavancando sua estrutura.
Também pode fazer parte dessa reflexão a revisão dos ANSs ou SLAs (Acordos de Nível de Serviços). Será que é condizente ter SLAs tão agressivos para todos os usuários de microinformática, por exemplo?
SLAs – Fonte: Manage Engine
4) Buscar “dinheiro novo”
Qualquer implantação de um projeto que possa gerar eficiência operacional e financeira para uma organização pode ter seu orçamento aprovado mais facilmente. Constantemente estamos conversando com clientes para mergulhar em suas áreas de negócio e encontrar oportunidades de melhoria que gerem um ROI (Retorno de Investimento) positivo e em um prazo aceitável.
A inovação também pode ter um papel fundamental nesse processo. Com um ecossistema cada vez mais abrangente de startups no mercado, a solução pode passar pela parceria com uma startup. Diversas organizações já viram essa dinâmica e têm investido constantemente nesse mercado.
5) Investir na privacidade e segurança dos dados
Independente de qualquer momento financeiro que a organização esteja passando, investir em segurança é uma tarefa diária. Com a LGPD em curso, a maneira como lidamos com informações pessoais dentro de organizações se tornou extremamente crítica e passível de altas multas dependendo da infração.
LGPD – Fonte: Serpro
Já a segurança dos dados é algo que nos vem deixando cada vez mais de cabelos em pé. Não investir em segurança pode ser um atalho para que mais dia menos dia um pedido de resgate de dados em uma máquina sequestrada por pessoas mal intencionadas, esteja em cima da sua mesa com uma cifra bastante relevante.
Cada um sabe onde são os pontos mais críticos na gestão do orçamento de tecnologia. Não existe receita pronta e o objetivo desse artigo é gerar insights que possam ajudar nessa gestão.
Fazem sentido essas dicas para a gestão do orçamento de tecnologia?
Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.
Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.
Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.
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