Quando um Plano de Continuidade de Negócios pode salvar a sua empresa?

Começando este artigo de maneira apocalíptica e clichê, não restam dúvidas de que estamos vivenciando mais um período de incertezas na história da humanidade. Para ser breve nos exemplos, cito as guerras, pandemia, ataques cibernéticos e protestos/greves como fatores externos que podem influenciar no funcionamento de uma organização.

Diante de todas essas incertezas, criar um plano de continuidade de negócios pode fazer com que a sua organização tenha uma resposta rápida a estes eventos e mitigue o risco de parada parcial e totalmente.

No artigo passado, quando escrevi aqui sobre a importância do plano diretor de TI, enfatizei bastante o papel da TI como protagonista e parceira dos negócios de uma organização.

Seguindo nesse caminho vamos olhar um pouco hoje da importância do papel de TI na elaboração e execução de um plano de continuidade de negócios.

O que é um Plano de Continuidade de Negócios?

Apesar de não ser o objetivo de nenhuma organização ativar um plano de continuidade de negócios, criar esse documento que contenha instruções que funcionem como um paliativo em caso de um evento que comprometa o funcionamento da empresa é essencial.

Este plano deve conter um roteiro que começa pela identificação de possíveis riscos, ou eventos, um cálculo do impacto que eles podem oferecer para a operação da organização caso aconteçam e por fim as ações que devem ser executadas para mitigar os riscos identificados e garantir a continuidade mínima dos negócios.

Aqui um ponto importante: existem diversos eventos que não permitirão que a organização continue rodando plenamente. Então o objetivo do plano pode ser alcançado considerando o funcionamento parcial.

Alguns exemplos que vivi…

Para ilustrar um pouco do que vi nesses anos de “estrada”. Listo aqui para vocês alguns causos:

  • Greve: ainda no tempo que notebook e VPN eram luxo, vi organizações que tinham andares prontos para receber pessoas em outros prédios quando os seus eram fechados pelos sindicatos.

  • Incêndios e Enchentes: também vi a falta de redundância tecnológica interromper comunicações de cidades importantes na ocorrência desses eventos naturais. O desdobramento dessas ações é uma mobilização contra o relógio para deslocar equipes e equipamentos ativando sites minimamente de contingência em tempo recorde!

  • A tal da Pandemia: “Eu tenho um amigo” que meses antes da pandemia resolveu no refresh dos firewalls da organização que trabalhava considerar uma licença de VPN para cada colaborador pelo impacto financeiro não ser tão grande. Este golpe de sorte fez com que as pessoas no dia 1 da pandemia tivessem a oportunidade de seguir trabalhando de casa.

Ações de TI Importantes

Estas situações que relatei e outras tantas que discutimos com os clientes o tempo todo podem resultar em complexos planos de ação de TI para enrobustecer a infraestrutura tecnológica das organizações. Listo aqui algumas delas sem ser exaustivo:

  • Backup: Estabelecer e implementar políticas de backup dos servidores e dos computadores de uma organização. Também é de suma importância que os colaboradores se conscientizem que devem manter os arquivos que trabalham em ambientes protegidos por essas soluções. Ter claro o espaço de tempo entre os backups e o tempo para o restauro é imprescindível para discutir o impacto com o negócio e melhorar se necessário.

  • Redundância: esta palavra em tecnologia pode resultar em diversas ações – sites, infraestruturas de redes e comunicação, servidores duplicados, tudo isso pode ser considerado como redundância.

  • Segurança e Resiliência Cibernética: além de ter mecanismos para detecção, bloqueio ou mitigação de ataques, manter a sua infraestrutura atualizada em termos de hardware e software também pode ser decisivo nesses momentos.

  • Plano de mobilização de recursos: os responsáveis por executar os planos do PCN devem ter claros quando e como devem se deslocar até um site para executar uma tarefa in loco ou ações remotas. Parece básico, mas já vi situações onde precisávamos de uma pessoa e sequer sabiam como contactá-la.

  • Exercite o plano: simular situações específicas que acionariam o plano pode ajudar a capacitar as pessoas a agirem de maneira mais eficaz em uma situação real e identificar melhorias no processo.

Por fim, enfatizo que um plano, além de gerar uma discussão positiva e envolver todas as áreas de uma organização, deve ser revisado de tempos em tempo devido às mudanças externas e internas no negócio. Contar com organizações que tenham construído e operado PCNs para diversas empresas pode enriquecer o debate trazendo para a discussão melhores práticas criadas e validadas em situações reais.

Como anda o Plano de Continuidade de Negócios da sua Organização?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas.

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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