Qual o impacto da falta de uma Arquitetura de TI eficiente?

Voltando às quintas-feiras, mas ainda de férias, após publicar o último artigo sobre Shadow IT, segui pensando nos desafios das áreas de tecnologias das organizações.

É fato que em um ambiente bastante volátil com mudanças nas prioridades do negócio a todo tempo e crises sem precedentes, o papel das áreas de tecnologia em ajudar as corporações a serem mais eficientes e atravessar esses momentos difíceis com mais robustez tem aumentado cada vez mais.

Para isso, ter um ecossistema tecnológico que “converse” cada vez mais com o negócio é essencial e a Arquitetura de TI está cada vez mais na agenda das organizações. Mas será que isso é uma realidade para todos?

Para aqueles leitores que trabalham em grandes organizações, o que vou falar aqui pode parecer algo tão natural que soa ultrapassado, mas ainda tem muitas organizações precisando ter essas conversas.

Apesar de há muito tempo o TI deixado de ser considerado o substituto do papel e dos office-boys, ainda tem gente que pensa assim e faz com que as organizações não prestem atenção em suas áreas de tecnologia.

Muitas tarefas que eram realizadas manualmente passaram a depender de sistemas e infraestruturas de TI, tanto em áreas de apoio (ex: finanças, marketing, o próprio TI, RH) quanto no core do negócio (ex: engenharia, produção, operações, etc.).

Com toda essa demanda de “digitalização de tarefas”, criação de novos processos já nascendo digitais e a pressão por mais eficiência e custo pressiona os departamentos de TI em expandir capacidade e disponibilizar novas soluções o tempo todo. Tal estratégia pode fazer com que esse crescimento seja feito a “toque de caixa” e sem um planejamento inicial.

Nesse ponto entra a Arquitetura de TI que pode ajudar bastante no crescimento da organização.

Mas o que significa Arquitetura de TI?

Segundo o Gartner, Arquitetura é definida como:

  1.   Em referência a computadores, software ou redes, o design geral de um sistema de computação e as inter-relações lógicas e físicas entre seus componentes. A arquitetura específica o hardware, software, métodos de acesso e protocolos usados em todo o sistema.
  2.   Uma estrutura e um conjunto de diretrizes para construir novos sistemas. Arquitetura de TI é uma série de princípios, diretrizes ou regras usadas por uma empresa para direcionar o processo de aquisição, construção, modificação e interface de recursos de TI em toda a empresa. Esses recursos podem incluir equipamentos, software, comunicações, metodologias de desenvolvimento, ferramentas de modelagem e estruturas organizacionais.

Vantagens de uma boa estratégia de Arquitetura de TI:

  • Entendimento das necessidades do negócio: ter maior proximidade com as áreas de negócio pode ser chave para a construção de uma solução mais assertiva que atenda as necessidades da organização. Afinal de contas, quem vai querer que um lançamento de um produto sofra algum impacto pela TI?
  • Uso eficiente do orçamento de TI: dimensionar corretamente a infra e os sistemas pode fazer com que se evite gastos desnecessários ou até não planejados em um segundo momento. Sinergias em compras, por exemplo, são um bom resultado de uma arquitetura bem desenhada.
  • Planejamento: um bom entendimento das prioridades de TI e Negócio podem levar a construção de um roadmap de investimentos sem gerar impacto ou expor a organização a riscos desnecessários.
  • Padronização: Muitos podem entender padronizar como ser fiel a determinadas marcas para cada um dos blocos de uma solução. Porém, padronizar também pode significar diversificar na medida suficiente para não depender de apenas um fabricante. Nesse ponto há muitas respostas para a mesma pergunta e é papel do time de Arquitetura construir a mais adequada para cada contexto.
  • Segurança e resiliência: esse ponto eu trouxe da reflexão anterior sobre Shadow IT. Em um ecossistema de tecnologia onde não se pratique a Arquitetura, a exposição a ataques e a dificuldade de recuperação após os eventos pode ser inversamente proporcional.

Portanto, independente do contexto da sua organização: tenha ela uma área de Arquitetura de TI e/ou dependa de uma entidade externa para desempenhar esse papel, as dicas acima funcionam para todos.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Diretor Especialista de Prática na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia. Fui eleito no final de 2022 como LinkedIn Top Voice de Tecnologia & Inovação. 

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos, incluindo o cicloturismo.

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