Como a Transformação Digital pode afetar o emprego?

O tema de hoje contém polêmica… Mas eu resolvi escrever sobre ele aqui para ouvir diferentes pontos de vista e enriquecer o debate. Como em qualquer outro assunto, a soma das experiências das pessoas pode resultar na ampliação da visão de todos sobre um tema.

Um disclaimer antes de iniciar o tema: este artigo, assim como todos os anteriores, pretende discutir tecnologia e os seus impactos na sociedade.

Mas vamos lá, com o avanço da Transformação Digital, será que os robôs e os algoritmos estão roubando os nossos empregos? Acompanhe comigo esse ponto de vista e convido vocês a conversarmos sobre o tema nos comentários.

Será essa a fila do emprego do futuro? Fonte: PLM Nordic

Durante a minha jornada de criação de conteúdo aqui no LinkedIn, falando sobre tecnologia, vez ou outra sou questionado nos comentários dos posts, ou artigos, se a tão falada Transformação Digital não reduz as posições de trabalho.

Um dado intrigante nesse sentido:

75% das posições de trabalho que existem atualmente serão substituídas por máquinas – Relatório da ONU 2016

Essa informação por si só nos leva a pensar que teremos um desemprego de 75% devido à transformação digital. Será que é isso mesmo?

Para efeitos de comparação vamos olhar para o passado. Quando Henry Ford começou as vendas do Modelo T, o temor era de que os carroceiros, cavalos e suas carroças perdessem a utilidade. E o que se viu foi um movimento bem diferente disso. Foi criado todo um ecossistema em torno dos veículos que gerou milhares de novas posições de trabalho: milhares de trabalhadores de fábricas de automóveis, vendedores de automóveis, engenheiros de automóveis, fabricantes de baterias, trabalhadores de postos de gasolina, mecânicos, seguradoras, financiamento de automóveis – e, claro, motoristas.

Eu acredito nessa teoria com a transformação digital que estamos presenciando na sociedade. Outro dia aqui em casa chegou uma caixa pesada para a minha esposa de Salvador – Bahia. Ao questionar o que era, ouvi ser um prato de cerâmica e velas. Na mesma hora pensei:

Se não fosse a transformação digital, será que aquela artesã teria conseguido vender seus objetos de decoração para uma pessoa que está tão longe dela?

Certamente essa venda, feita por um canal digital, impulsiona uma série de empregos em outros segmentos além da cadeia produtiva do artesanato. A plataforma de e-commerce e suas diversas posições de trabalho – um negócio que não existia duas décadas atrás, toda a cadeia logística para transportar essa caixa com segurança e no prazo da Bahia para SP e até o time de mídias sociais onde essa artesã faz propaganda do seu artesanato e a minha esposa posta as novas velas para que os seus amigos e seguidores vejam.

Portanto, talvez a questão da diminuição dos postos de trabalho atuais não esteja incorreta e sim exista esse embate Homem vs. Máquina no reposicionamento dos empregos. A saída é se preparar para um mercado de trabalho mais exigente em termos de conhecimento técnico.

Por outro lado, podem existir tarefas que, apesar de serem automatizáveis, o tempo e o investimento empregados para isso não justifiquem, pois são processos complexos e muitas vezes não repetitivos, exigindo uma boa dose de estudos para se concretizar. Veja o que disse Hal Varian, Chief Economist do Google em 2018:

“Então vamos analisar um emprego como jardineiro. Não pensamos no jardineiro como um trabalho realmente altamente qualificado e super qualificado. Mas é um trabalho muito variado. Há muitas coisas diferentes que os jardineiros fazem. Eles aparam as árvores. Eles cortaram a grama. Eles plantam flores. Eles fazem isso, eles fazem aquilo; todos os tipos de atividades. E automatizar qualquer uma dessas tarefas você poderia fazer com vários milhões de dólares e vários anos de pesquisa. Mas automatizar todos eles seria extremamente difícil.”

Acredito ser esse equilíbrio entre a mudança das profissões, o upskilling das pessoas e a manutenção diversas outras atividades que rege o mercado, levando, a meu ver, a um saldo positivo de posições de trabalho.

E você o que acha: a transformação digital tem diminuído ou criado postos de trabalho?

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos incluindo o cicloturismo.

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Bibliografia: