13 cabos submarinos que conectam o Brasil com o Mundo: como estamos e quais são os planos de expansão?

Em algum momento você, ao usar uma conexão de internet, já parou para pensar como será que consegue se conectar a conteúdos que estão em outro país, outro continente? Existe uma extensa e complexa rede de cabos submarinos ópticos conectando os diversos continentes do mundo.

Nesse artigo compartilho com você como funcionam esses cabos, a história dessa tecnologia e os planos de expansão para o Brasil.

O que é um cabo submarino?

Cabos submarinos são agrupamentos de fibras ópticas de alta qualidade que permitem que dados convertidos em radiações luminosas sejam transmitidos. O maior cabo construído tem 38 mil km e conecta a Europa ao Sudeste Asiático passando pelo Oriente Médio. Outro ponto importante é a resistência do cabo. Como muitas vezes eles são depositados em superfícies dos oceanos de até 8000 m de profundidade, seu material deve ser robusto o bastante para aguentar 800 ATMs durante sua vida útil que pode chegar a 25 anos.

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Fibras Ópticas – Fonte: Copel Telecom

História dos cabos submarinos no Brasil:

Os primeiros cabos submarinos eram imensos cabos metálicos e serviam apenas para telégrafos — inventados por Samuel Morse em 1843. Sua capacidade era de transmitir duas palavras por minuto! O primeiro cabo submarino lançado no Brasil data de 1857 — apenas 6 anos após a primeira implantação de cabos submarinos no mundo. Esse cabo era parte da segunda linha telegráfica do país que ligava o Rio de Janeiro a Petrópolis – RJ a pedido do homem a frente do seu tempo: Dom Pedro II. Dos 50 km da linha, 15 km eram submarinos. Desde 1875, com um cabo lançado por uma empresa britânica, nos conectamos com Portugal e por consequência com o mundo: um marco na história das telecomunicações do Brasil.

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Cabo instalado no fundo do mar – Fonte: TecMundo

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A história do telégrafo no Brasil é muito interessante e é muito conectada com a história do país. Se tiver mais interesse no assunto, clique aqui para ler um artigo sobre o tema.

Só nos anos 60 vieram os cabos coaxiais — que permitiam transmissões simultâneas, e no final dos anos 80 os cabos de fibras ópticas — tendo chegado no Brasil em 1994 com o cabo Américas I que tinha capacidade para 80 000 canais telefônicos de 64Kbps que agregados somavam 5,12 Gbps (Gigabits por segundo). Guardem essa grandeza, pois, vamos compará-la com o panorama atual mais abaixo.

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Cabo submarino óptico – Fonte: Programadores Brasil

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Treinamento Redes Ópticas , Porto Rico 2018 – Fonte: Acervo pessoal

Vejam como estavam distribuídos os cabos submarinos ópticos em 1997:

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Fonte: IME

Notem que tínhamos apenas o Americas I chegando em Fortaleza e um cabo conectando Brasil, Argentina e Uruguai chamado UNISUR.

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Atualmente temos 13 cabos submarinos de fibras ópticas que conectam o Brasil com o mundo: SAm-1, AMX-1, GlobeNet, SAC, BRUSA, Atlantis-2, Monet, Seabras-1, SAIL, SACS, Junior, Tannat, Malbec, EllaLink.

Alguns fatos curiosos sobre alguns deles:

  • Atlantis-2: entrou em serviço no ano 2000 (lembram que falei que eles podem operar por aproximadamente 25 anos?). Primeiro cabo submarino entre América do Sul e Europa (Fortaleza — Lisboa) com 8500 km.
  • Americas-II: também entrou em serviço nos anos 2000 e liga o Brasil aos EUA (Fortaleza — Hollywood) com 8373 km.
  • Sam-1: Um projeto iniciado em 2001 pela Telefónica — em 2009 trabalhei em Madrid em uma solução para gerência DCN via 3G desse cabo, que com seus 25 000 km, o mais longo cabo a passar pelo Brasil, dá a volta na América do Sul com trechos terrestres entre a Argentina e o Chile no sul, e também atravessa a Guatemala no norte. Esse cabo ainda passa pela Flórida e Porto Rico antes de chegar em Fortaleza.
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Fonte: Telxius

  •  Malbec: Com participação do Facebook, se integra ao sistema GlobeNet possibilita interligar Buenos Aires, São Paulo, Rio e Porto Alegre (em breve) com os Miami e Nova Iorque.
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Fonte: GlobeNet

  • Junior: Apesar de ser um cabo submarino relativamente curto, 390 km entre o Rio de Janeiro e Santos desde 2018, foi o primeiro cabo de propriedade do Google no mundo.
  • Monet: Também com participação do Google, desde 2018 conecta Praia Grande, Fortaleza e Boca Raton — EUA
  • Tannat: Interligados aos sistemas Monet e Junior, ele surge com o propósito de conectar Praia Grande a Maldonado — URU e Las Toninas — ARG.
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 Fonte: Google

  • EllaLink: inaugurado recentemente em 01/06/21 interconecta Brasil e a Europa ancorando em Sines — Portugal e Fortaleza distantes 5900 km. Tem uma capacidade planejada de 100Tbps promete reduzir a latência (atraso do sinal) entre às duas pontas para 60ms. Foi financiado pela Comissão Europeia como parte da sua estratégia de interconectar a Europa com a América Latina.
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Fonte: EllaLink

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O que vem por aí?

 Recentemente tivemos dois anúncios que devem proporcionar uma substancial melhora na conectividade dos usuários do Brasil com a Internet:

  • Humboldt: em maio de 2021, o governo brasileiro anunciou a adesão formal ao projeto chileno para a construção desse sistema que irá conectar a América do Sul com a Ásia — caminho que hoje não possui conexão direta. Também estão participando do projeto Austrália, Nova Zelândia e Argentina.
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Fonte: DCD Notícias

  • Firmina: No dia 9/06/21 o Google anunciou seu novo projeto de conexão de alta velocidade entre os Estados Unidos e a América do Sul com pontos de conexão em Praia Grande, Punta del Este — URU e Las Toninas — ARG. Batizado de Firmina em homenagem à Maria Firmina dos Reis — a primeira romancista brasileira. Ela também se tornou doodle do Google por um dia:
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Apesar de estar na mídia notícia de que este será o mais longo cabo submarino do mundo, na verdade, o fato relevante sobre o Firmina é outro. Ele será o mais longo cabo do mundo com a capacidade de manter seu funcionamento com alimentação elétrica apenas em uma das pontas — o que pode acontecer caso haja falha na ponta remota: importante para manter a confiabilidade do cabo.

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Fonte: Google

Todo esse sistema complexo de cabos submarinos ópticos se torna cada vez mais vital para a jornada de transformação digital que estamos vivendo em nossos lares e no mundo corporativo. De nada adianta ter pontos de acesso 5G, IoT, Cloud se a infraestrutura de transmissão de dados não é eficiente. Por isso estamos presenciando cada vez mais investimentos nesse setor.

 Você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre o tema de cabos submarinos ópticos? Me pergunte nos comentários ou me mande um inbox.

Sou Mauro Periquito, Engenheiro de Telecomunicações e Associate Partner na Kyndryl, onde desenvolvo e gerencio projetos de transformação digital para indústria, utilities, mineração, agronegócio e operadoras de telecomunicações. Em minha trajetória profissional tenho como propósito traduzir as necessidades dos clientes em soluções customizadas. 

Também atuo em outras frentes como mentor, palestrante, conselheiro consultivo e escrevo diariamente no LinkedIn sobre gestão de pessoas, carreira, inovação e tecnologia, com a missão de trazer uma visão descomplicada sobre a tecnologia.

Durante minha carreira trabalhei em multinacionais no Brasil, países da América Latina, Espanha, Porto Rico, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Em meu tempo livre, sou um grande entusiasta do ciclismo em seus diversos modos incluindo o cicloturismo.

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